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O Declínio das Fábulas - I

  Em poucos dias, o primeiro volume do meu novo livro “O Declínio das Fábulas” chegará a todas as livrarias portuguesas. Esse tomo reúne uma série de temas que reverberam o meu pensamento nas áreas da cultura, da arquitetura, da mobilidade, etc. para uma cidade como Caldas da Rainha. O prefácio é de autoria da jornalista Joana Cavaco que, com uma sensibilidade impressionante, timbra, assim, o que tem constituído o trabalho deste que vos escreve. Nele, há trechos que me comoveram francamente. Outros são mais técnicos, contudo exteriorizam um imenso conhecimento daquilo que venho produzindo, por exemplo: “É essa mesma cidade ideal a que, pelo seu prolífico trabalho, tem procurado erguer, nos vários locais por onde tem passado, seja a nível cultural ou político. Autor de extensa obra, que inclui mais de sessenta livros (a maior parte por publicar) e um sem fim de artigos publicados em jornais portugueses e brasileiros, revistas de institutos científicos e centros de estudos, entre o

Impressões de 1907

  Matthew entra na estação do Rossio, na mão direita o bilhete para Caldas da Rainha, na esquerda o volume “Notas de Viagem – Paris e a Exposição Universal (1878-1879)”, de Ramalho Ortigão. O seu intuito é, somente, o de rever a Vila, que é afamada graças às Termas e, quem sabe, aproveitar um pouco daquelas águas para debelar alguns incómodos respiratórios, reumáticos e músculoesqueléticos. O enredo do livro levara o seu pensamento a desejar a França, contudo, os seus parcos recursos não o autorizavam a tanto. Quando ouviu o silvo da máquina, apressou-se a subir os pequenos degraus da carruagem e a acomodar-se confortavelmente. Quinze minutos depois percebeu que não conseguiria esquadrinhar o relato de Ramalho, a paisagem não o permitiria. Completamente envolvido pelas cores deixou-se entreter, imaginando como poderia fazer bem, aos seus pulmões, caminhar por aqueles campos. A brochura foi parar à algibeira. Os olhos passaram a perscrutar o entorno, completamente extasiados. A vi

José Mattoso

  Desde 1968, com o surgimento da tese de doutoramento: “ Les monastères du diocèse de Porto de l'an mille  à 1200 ”, até este 2023, a historiografia portuguesa contou com um investigador que abriu inúmeros caminhos para importantes descobertas acerca da História Medieval, ajudando a clarificar - para minha imensa satisfação - incontáveis itinerários de exploração, inclusive sobre a Vila de Óbidos, assim como em relação a outros concelhos régios medievais da região Oeste. Como o meu querido leitor sabe, a crónica existente, relativa a essa citada Vila, é devastadoramente bela, contribuindo para realçar a relevância de Portugal no contexto europeu e afirmando a própria personalidade das gentes do lugar. Isso só é possível graças ao trabalho árduo de inúmeros estudiosos, entre eles, um dos maiores, José João da Conceição Gonçalves Mattoso (1933-2023). Ainda imberbe - e influenciado pelo tio-avô D. José Alves Mattoso (1860-1952), Bispo da Guarda - esse erudito ingressou na vida

Cidade-dormitório

  Apesar da autopromoção constante, nos meios de comunicação - por parte do executivo da Câmara Municipal - Caldas da Rainha continua a ser uma singela localidade perto de Óbidos, com pouca atratividade cultural e nenhuma graça estética. O concelho não possui um rosto, uma marca que o defina. Parece, inclusive, que os autarcas não conseguem decidir-se sobre qual o caminho a seguir nesse quesito. Caldas da Rainha é uma cidade com que fisionomia? Qual o seu selo distintivo? O que pode atrair turistas? O que a pode tornar apetecível para grandes investimentos? Uma das ações urgentes a realizar é a do resgate da sua história e da sua identidade, todavia, o pelouro indicado para isso, o da Cultura, é apenas um cabide de emprego e uma vitrina de pavoneamento. Não existe uma estratégia, por parte desse organismo, para evidenciar a crónica caldense, os seus feitos, os seus heróis, as suas instituições, etc . Não há, igualmente, um programa de revitalização urbana, que tenha como objeti

“Ruy, a história devida”

  O Senhor Teatro esteve em Óbidos, no auditório municipal da Casa da Música, com o espetáculo assinalado em epígrafe, e a minha pena, sensatamente, não poderia deixar passar em branco esse memorável acontecimento. Escrever sobre essa fundamental figura da Cultura portuguesa é muito gratificante, conviver com ela é uma bênção. Não sei precisar há quanto tempo conheço Ruy de Carvalho (1927-), o que sei é que a minha admiração foi aumentando com os passar dos anos. Essa afeição não é apenas pelo imenso ator que é, mas também pelo cavalheiro, pela índole, pela postura, ou seja, pelo ser humano ímpar. Na peça em questão – escrita pelo talento do meu, igualmente, querido amigo Paulo Mira Coelho (1952-) – o Senhor Teatro, que divide o palco com Luís Pacheco (1969-), faz uma peregrinação pela memória, indo buscar histórias que a família e os amigos mais chegados conhecem há anos, e são deliciosas, muitas delas vividas com nomes sonantes como Vasco Santana (1898-1958), Ribeirinho (1911-198

Francisco de Almeida Grandella

  Maçon . Iniciado no ano de 1910, e integrado na Loja José Estevão, do Grande Oriente Lusitano, sob o nome “Pilatos”, praticou uma Maçonaria de apoio aos mais vulneráveis, respeitando o tríptico: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Fundou a Caixa Previdente do Futuro (1883); construiu dezoito escolas primárias e uma creche; edificou o Bairro Grandella na Capital portuguesa, para oferecer boas condições de moradia aos seus funcionários; ofereceu-lhes assistência médica e proteção social; estabeleceu, a todos, sem exceção, um dia de descanso semanal (domingo); consagrou-lhes uma semana de férias (remunerada e anual), e constituiu a Casa do Povo na Foz do Arelho. O seu nascimento, há 170 anos, deu-se em Aveiras de Cima, Azambuja, no dia 23 de junho de 1853, sendo filho de Francisco Maria de Almeida Grandella (1830-?) e de Matilde Libânia Doroteia de Barros Grandella (1852-?). Aos 11 anos de idade mudou-se para Lisboa, pela mão da prima Miquelina (?-?), indo morar na casa desta, situ