Comemorar o nascimento de Martins Fontes (1884-1937) é, como sempre, um prazer inenarrável. Ontem não foi diferente. Entre sonetos galantes e odes inspiradoras a tertúlia seguiu pelo caminho desejado. O ponto inédito e, para mim, muito emocionante, foi aquando da leitura de um dos Capítulos da sua Biografia (ainda inédita por um motivo simples: Não há, em Portugal, um editor com coragem de a publicar, pois está enfeixada em dois volumes que, juntos, chegam às 1.400 páginas) para uma atenta plateia e exigente.
Fico preocupado, com o atraso na sua publicação, simplesmente porque as referências originais acerca de Martins Fontes começam a dissipar-se, como prova temos os textos publicados recentemente em "A Tribuna" (de Santos), repletos de erros históricos e biográficos, que só podem ser sanados se essa Biografia estiver ao alcance das mãos de leitores e investigadores.
Aguardemos um editor corajoso!
Rui Calisto
Revolucionária e doce. O que mais posso dizer de ti, minha querida Carolina? Creio que poucos extravasaram tão bem, tão literariamente, tão poeticamente, as suas apoquentações políticas. Vivias num estado febricitante de transbordamento emocional, que o digam os teus textos – aflitos – sobre as questões sociais ou, no mais puro dos devaneios sentimentais, as tuas observações sobre a música que te apaixonava. O teu perene estado de busca pelo – quase – inalcançável, fazia-nos compreender como pode ser importante a fortaleza de uma alma que não se verga a modismos ou a chamamentos fúteis vindos de seres pequenos. E por falar em alma, a tua era maior do que o teu corpo, por isso vivias a plenitude da insatisfação contínua. Esse espírito, um bom daemon , um excelente génio, que para os antigos gregos nada mais era do que a Eudaimonia , que tanto os carregava de felicidade, permitindo-lhes viver em harmonia com a natureza. Lembro-me de uma conversa ligeira, onde alinhava
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