Lembro-me, perfeitamente bem, do dia da morte de Orson Welles, 10 de outubro de 1985. Estava, por pura coincidência, a ler uma crítica acerca de "Cidadão Kane" quando a notícia do seu passamento chegou aos meus ouvidos. Foi-me dada por um colega de trabalho, estávamos em São Paulo, nos camarins de um teatro, a descansar, depois de algumas horas de apuro técnico (o nosso encenador era muito exigente).
Senti um certo vazio. Desprendendo-se de mim um som de desalento. Morrera um indivíduo que muito admirava.
Mas, o que é a morte?
No caso de Orson Welles não é nada, pelo menos para mim, que ainda continuo a admirá-lo com a mesma profundidade.
As marcas que deixou no cinema são imperecíveis, inovando a estética cinematográfica, seja nos ângulos de câmara, na exploração do campo, na narrativa ou na edição e montagem.
Somente quem vê, e sente, o cinema como uma das maiores expressões artísticas planetárias, consegue perceber a força e a intensidade de Orson Welles.
"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." (O.W.)
Revolucionária e doce. O que mais posso dizer de ti, minha querida Carolina? Creio que poucos extravasaram tão bem, tão literariamente, tão poeticamente, as suas apoquentações políticas. Vivias num estado febricitante de transbordamento emocional, que o digam os teus textos – aflitos – sobre as questões sociais ou, no mais puro dos devaneios sentimentais, as tuas observações sobre a música que te apaixonava. O teu perene estado de busca pelo – quase – inalcançável, fazia-nos compreender como pode ser importante a fortaleza de uma alma que não se verga a modismos ou a chamamentos fúteis vindos de seres pequenos. E por falar em alma, a tua era maior do que o teu corpo, por isso vivias a plenitude da insatisfação contínua. Esse espírito, um bom daemon , um excelente génio, que para os antigos gregos nada mais era do que a Eudaimonia , que tanto os carregava de felicidade, permitindo-lhes viver em harmonia com a natureza. Lembro-me de uma conversa ligeira, onde alinhava
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