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A mostrar mensagens de junho, 2022

Água das Caldas

  A investigação cuidada traz-nos sempre boas-novas e inúmeras curiosidades. Recentemente, em renomado arquivo brasileiro, encontrei uma singular informação acerca da água termal de Caldas da Rainha, substância muito desejada, nos idos do século XIX, em terras de Vera Cruz. A afamada água - de mineralização hipersalina, composição iônica sulfúrea, cloretada sódica, com reconhecidas capacidades curativas, especialmente para as vias respiratórias, para as questões reumáticas e músculo-esqueléticas - era comercializada em boticas nos mais variados recantos daquele país. Para que a população se dirigisse ao boticário para a adquirir, inúmeros anúncios - como este datado de 1821 - eram veiculados na imprensa local: “Rua Direita, Botica de José Luiz Mendes e Comp. Nº 118; se vende o verdadeiro Rob antissifilítico com jornal para o uso, pelo módico preço de 6.400 réis a botelha, assim como se continua a vender água das Caldas da Rainha com privilégio a 200 réis o frasquito.” O citado

In Memoriam

  Era cedo. Uma manhã diferente, com algum tempo para uma distração poética e um devaneio atlético. Acabara de chegar às Caldas da Rainha. Dias haviam passado sem olhar para as suas vergonhas, e ali estavam elas, escarrapachadas, em ruas, avenidas e praças, boquiabertas de imundície, assoberbadas de promessas vãs e disparates pueris. Devido ao estado da urbe decidi caminhar até ao Parque e, ali, entre trescalâncias e gorjeios, poderia, finalmente, encontrar a paz que necessitava, para assentar ideias e planear futuros. Porém, e é aqui que a vaca muge, qual não foi o meu espanto… Os desejados aromas eram simplesmente podres, os trinados, esses, coitados, devem ter desaparecido em gargantas tolhidas pelos possíveis ruídos que assolaram aquele espaço verde em dias seguidos. Disseram-me que cavalos estiveram por ali, mas a porcaria maior era humana. Constatei a veracidade do facto, comprovada pelos estertores alcoólicos à flor da terra. Pássaros, nem em sonhos, pois as desafinadí

Apreciação

  O analítico é aquele ser que analisa a arte, ou a vida, de um modo geral, emitindo uma opinião ou um juízo de valor daquilo que observa e deduz. Geralmente é mal visto pelos políticos, pois - se for imparcial, como se deseja - é o indivíduo que vai colocar a nu as imperfeições dessa classe. Um perigo nos dias que correm. Afinal, os eleitos possuem uma sede inimaginável por parecerem imaculados. Como, felizmente, não tenho “patrocinadores autárquicos” posso expor as falhas políticas existentes na região. Outros, como dependem de verba camarária, enfeitam os problemas. Atirando-os por cima do ombro. A maioria dos populares preferem fazer de conta que nada se passa. E, os que possuem as qualidades necessárias para juntar vozes e apelar por mudanças, infelizmente, acomodam-se no conforto de uma rede social. Ser analista rigoroso (para elogiar se for o caso, ou mandar abaixo, ideias, propostas e projetos para um concelho) é ser correto e honesto com o leitor. A opinião sobre o q

Thomas Mann

  Em 1856, Júlia da Silva Bruhns (1851-1923), natural de Paraty, no Rio de Janeiro, embarca num vapor com destino à Europa. Naquele instante, aos cinco anos de idade, genuinamente, não poderia imaginar o que a vida lhe reservava. Dezanove anos depois, a 6 de junho de 1875, na Cidade Livre de Lübeck (hoje, estados alemães Schleswig-Holstein e Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental), dá à luz o pequeno Paul Thomas Mann. Ensaísta, contista, crítico social e romancista, Thomas Mann viria, com a sua pujança artística, a ser um dos mais carismáticos escritores do planeta. A sua obra é uma das mais importantes da história da literatura, e é imprescindível em qualquer biblioteca de relevo. A sua estreia literária, no ano de 1893, foi modesta, iniciando colaboração com a revista “Der Fruhlinssturm”, da qual veio a tornar-se seu coeditor. Com o passar dos anos, este grande antinazista, legatário temporão da memória idealista e romântica alemã, conseguiu reproduzir de modo muito original a cons

E agora CCC?

  Será que o Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha perderá a característica regional com a chegada do novo diretor/programador? Creio que não. Nada se alterará, no seu modus operandi , se o atual arquétipo de gestão permanecer. Desde a sua fundação, contemplamos uma regionalização profunda, um absurdo para um equipamento de proporções internacionais e de grande escala cultural. Até aqui ocorreram eventos importantes? Sim! Mal seria se o mesmo não tivesse acontecido. Porém, não foi o suficiente para o colocar num patamar de excelência global. Para comprovar o que digo basta ver a vergonha da não aprovação do apoio financeiro da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, problema derivado do modelo de administração existente, e não da sua programação. A gestão anterior estava mergulhada num total desconhecimento acerca dos mecanismos financeiros presentes no contexto económico europeu, não aproveitando nenhum caminho facilitador para que a estrutura pudesse ser ben