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A mostrar mensagens de maio, 2023

“Poesia com Luz”

  A fotógrafa Odete Frazão inspirou-se na poesia de Afonso Lopes Vieira (1878-1946) para compor a magnífica exposição assinalada em epígrafe, patente, desde o dia 20 de maio, na agradabilíssima Casa de Chá MOMO Sweets & Tea, nas Caldas da Rainha. A criadora adora “desenhar com luz”, trabalhando muito bem os contrastes e a perspetiva. Ao admirar cada peça, conseguimos perceber a sua respiração e a sua personalidade, sentindo-as vivas, pulsantes, marcadamente autênticas. Interpretar o que se vê é um excelente exercício mental para o observador e, neste caso, como temos um ponto de partida realista, fica-nos na alma a intuição que se manifesta em cada imagem, ricocheteando em nós traços de alta humanidade e agitação emotiva, plasmados na alma da artista. Se perguntarem, tecnicamente, se essa exposição expressa a arte, somos obrigados a dizer que sim, pois explora magistralmente (e sem ter sido essa a intenção) a intelecção, além de evidenciar um método artístico cuja pauta est

Falta de respeito

  É amplamente visível que o atual executivo da Câmara Municipal das Caldas da Rainha está desesperado, e com muito medo de perder as autárquicas de 2025. Nas comemorações do Dia da Cidade mais um ato de intensa demagogia tomou conta dos ouvidos dos habitantes, nomeadamente dos doentes acamados (sobretudo dos idosos e das crianças, as mais afetadas são as que possuem uma Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), entre outros Transtornos), que foram obrigados a suportar um inacreditável exemplo de desrespeito, através de um absurdo e interminável ruído, provindo de um extenso e inaceitável exibicionismo pirotécnico. O respetivo executivo esqueceu-se de que vem exigindo que o atual Governo construa um novo e moderno hospital no seu concelho. Porém, sabendo que, esse mesmo nosocómio será a residência de muitos utentes, pergunto: todos os anos, na comemoração do Dia da Cidade, os autarcas irão agradar aos pacientes, com essa exibição despropositada e barulhenta? Desejam o hospital apen

Concerto “Nocturnos”

  Recentemente, no Santuário do Senhor Jesus da Pedra, em Óbidos, o Coro & Orquestra da Academia de Música de Óbidos apresentou o espetáculo anunciado em epígrafe. Do programa constou uma peça de Joaquim Gonçalves dos Santos (1936-2008), Christus factos est (moteto para coro a 4 vozes mistas e órgão), uma de Estevão de Brito (1575?-1641), Stabat Mater (uma configuração polifónica de dois versos, para quatro vozes, atribuída a esse autor, porém, há certas dúvidas no que trata à sua verdadeira paternidade), além da Responsoria in Sabbato Sancto e dos Nocturnos , de autoria de José Joaquim dos Santos (1747-1801?). De Joaquim Gonçalves dos Santos, sabemos que fez os cursos de Humanidades, Filosofia e Teologia no Seminário de Braga, estudou composição com o Pe. Manuel Ferreira de Faria (1916-1983), em 1962 ordenou-se sacerdote e em 1963 ingressou no Pontifício Instituto de Música Sacra, em Roma, Itália, regressando a Portugal em 1968, onde desenvolveu ativa produção musical, espe

Absorver o vazio

  Atualmente, o ato de consumir define aquilo que conhecemos como felicidade. Poucos são os que admiram o por do sol ou o deslumbre do seu nascimento. O humano atual não olha para o céu, ou acima da linha do horizonte, a sua visão estanca na altura do umbigo, o que o faz pensar pequeno, quase rasteiro. Se o indivíduo reside numa urbe cuja vida noturna é completa, com acesso a salas de cinema, concertos musicais, teatro, espetáculos de dança, exposições pictóricas, escultóricas e/ou fotográficas, lançamentos de livros, etc. inevitavelmente há uma maior interação e um interessante “aproveitar o momento que se vive”, logo, existe vontade de “esticar”, sair dos eventos e frequentar um estabelecimento que encante o estômago ou um local propício a “abanar o esqueleto”. A vida que se apresenta diante de nós é que nos torna diferentes, mais comunicativos, pouco egoístas e rancorosos, menos propensos e destilar venenos. A nossa felicidade deveria, portanto, passar, indeclinavelmente, por at

Concordar com o que é certo

  Sempre me causou uma certa estranheza o facto de existirem tantos “treinadores de bancada”. Aqueles indivíduos que “sabem tudo” e, por assim acreditarem, escondem-se atrás da tela do computador e lançam venenos para todos os lados, porém, quando são confrontados na rua, colocam a cabeça abaixo da linha da humilhação e seguem o seu caminho, sem emitir um ligeiro pio. Olhar na cara e dizer o que se pensa não é para os fracos. Escrever crónicas e/ou artigos a apontar as grotescas falhas dos ineficazes executivos camarários que nos calham na rifa também não. Os meus textos, comummente, são motivo de debate, o que muito me satisfaz, pois afiança o meu lado de atento analítico. Essas boas querelas ocorrem nos cafés, ou em outros locais onde exista uma aglomeração de fiéis leitores desta minha coluna. O curioso é que a larga maioria não utiliza a parte pública das redes sociais para mostrar o agrado pelas ideias, desabafos e impaciências que lanço, fazem-no discretamente, enviando-me