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A mostrar mensagens de novembro, 2021

Obras de arte desaparecidas: Estátua de Eça de Queirós

    Em tempos existiu, no Parque D. Carlos I, em Caldas da Rainha, um monumento em homenagem ao grande romancista português cujo nome segue em epígrafe. A peça encontrava-se nas proximidades do Pavilhão Rainha D. Leonor (Casa dos Barcos) e, neste momento, não há santo que a encontre. Tratando-se de um busto, uma herma, um quadro, até compreenderia que algum “amigo do alheio” tivesse surripiado a peça, para depois “passá-la nos cobres”, mas um monumento com aquelas medidas não poderia ser levado às costas. O que me faz crer que o mesmo foi, em tempos, retirado pela autarquia, ou por outro órgão público. Acerca do cadastro da peça: Existe um registo fotográfico (um cartão-postal da década de 50, do século XX), porém, não há nenhuma ficha de inventário, rúbrica legível, auto de colocação e de retirada, e ato de depósito em outro local, o que pode tornar praticamente impossível a tentativa de a localizar. Aguardo (sem paciência nenhuma) que a nova vereadora da Cultura de Caldas da

Folguedos pueris

  Neste século XXI, os jogos tradicionais - praticados por crianças de todo o mundo até meados da centúria anterior - sobrevivem apenas na memória de quem com eles se divertiu. Foi o tempo em que jogar às escondidas, à cabra-cega, à barra do lenço, ao lá-vai-alho, ao elástico, ao berlinde, à cama-de-gato, ao espeta, aos soldados de plástico monocromáticos, ao macaquinho do chinês, à amarelinha, ao quente ou frio, ao saltar à corda, à macaca, à corrida de sacos, às cadeiras, ao gato-e-rato, às palmas das mãos (com a respetiva cantoria), aos jogos com bola, etc., era “o pão nosso de cada dia”. Brincar era, para todos, uma necessidade espantosa, com sol ou chuva. Juntar os grupos de amigos e dar asas à imaginação fortaleceu gerações, tornando-nos “super-qualquer-coisa”. As grandes corridas com carrinhos de rolamentos levaram muitos ao hospital. O pião, a abrir cabeças, também. Testávamos todos os limites, desde os físicos aos de segurança. A vida, para nós, era um precipício que d

Num distante verão

  Em tenra idade, conheci uma jovem oestina de longos cabelos castanho-claros, olhos cor de amêndoa, pele delicada e voz perfumada. Em poucas semanas tornámo-nos inseparáveis. Uma amizade extrema. Concreta. Pontilhada com trechos de Victor Hugo, Balzac, Eça e Machado de Assis. Devorávamos livros e discutíamo-los com fervor. Passámos a respirar o pó das bibliotecas. Mas não era só isso que fazíamos nos tempos livres. Graças à excelência do caminho-de-ferro da época, em domingos que poderiam ser pasmacentos, rebelávamo-nos e “fugíamos” para Lisboa. Passeávamos de mãos dadas, beijávamo-nos longamente à beira Tejo. E, antes do indesejado regresso, íamos ao Cinema Império, na alameda Afonso Henriques, ou ao São Jorge, na avenida da Liberdade, para assistir ao filme do momento. Os nossos olhos eram críticos a tudo, especialmente aos ridículos bigodes masculinos, às roupas mal cortadas e pouco modernas de algumas jovens senhoras, e, principalmente, às retinas que nos observavam de sos

O fado lusitano

  Muito antes de Jesus Cristo ter nascido, correu o mundo conhecido uma frase atribuída a Júlio César (100 a. C.-44 a. C.): “Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar”. É a sina do povo português. Mais uma vez está o país envolto numa turbulência política, igual a tantas que ilustraram o passado oscilante da nação. Não vejo em Portugal nenhum sinal de grandeza, pois a história foi contada, apenas, pelos vencedores. O que percebo (aliás, todo o planeta deduz), é que existe um povo que “não sabe muito bem a que veio”. São guerreiros? Tem dias. São unidos? Nunca. É um país rico? Seria, se não existisse tanta roubalheira (nos altos escalões do poder). É um povo de suprema Cultura? Poderia ser, se os sucessivos Governos assim o quisessem e permitissem. Os portugueses deveriam ser alvo de um minucioso estudo antropológico, pois tudo o que possuem de melhor teve origem no que possuíram de pior. Ou será que posso dizer que a razão apagou-se muito para al