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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2023

Gestão nórdica

  As próximas eleições autárquicas ainda estão a alguma (pouca) distância, porém, o cenário que se coloca diante de todos é o da necessidade de novos protagonistas na Câmara Municipal das Caldas da Rainha, pois os atuais não demonstram estofo (trabalho feito) suficiente que lhes permita uma continuação. Basta atentar ao programa, por eles apresentado em 2021, para verificar que nada do que ali está foi, de facto, realizado. A lengalenga que se ouve é focada apenas no anúncio da possibilidade de realização de “grandes eventos” (a montanha continua a parir ratos), porém o que se efetiva não passa de insípido entretenimento. Para as virgens que estão ofendidas neste momento, só me apetece dizer: a mínima parte da população que está satisfeita é porque ganha algo com a atual autarquia ou porque as suas balizas são muito estreitas. Não há estruturação nem investimento sério na Cultura, na Educação, etc. Qual o motivo para esse descaso? A resposta é simples: são aplicações que não trazem

Semana Santa em Óbidos

  A minha aproximação à Vila em epígrafe vai muito além da admiração pela sua arquitetura ou história. Toca-me fundo na alma o modo como o obidense se coloca perante a vida. Considero esse “saber estar” como um sinal evolutivo da Humanidade, o que demonstra que nem tudo está perdido, pelo menos nesse pequeno recanto deste tão castigado planeta. Como não podia deixar de ser, participei ativamente – como simples observador – dos eventos da Semana Santa, ocorrida entre os dias 2 e 9 de abril. No quesito religioso mantive o respeito e o silêncio, tão importantes para a ocasião. Aqueles que me conhecem bem, sabem que sou espírita há 40 anos, tendo uma relação ecuménica muito cortês para com todas as crenças, logo, não poderia exibir outro tipo de posicionamento. A definição histórica da Páscoa assenta na origem do Judaísmo, sendo arrebatada pelos cristãos. Para os judeus é o louvor da libertação dos hebreus (após longos 400 anos de cativeiro no Egito), para os devotos católicos é o

“O Sacristão do Surrealismo”

  Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco nasceu na rua Dona Estefânia, nº 91, 1º andar, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, no dia 7 de maio de 1925. Excelente editor, com uma visão notável e profunda daquilo que deveria ser publicado em Portugal, tanto que a sua minúscula Editora Contraponto (fundada em 1950) legou ao país uma panóplia de autores que mais tarde seriam reconhecidos, inclusive internacionalmente. Foi, também, um crítico de alta craveira, usando habilmente a sua pena na construção de uma apreciação fundamentada e sagaz do que lhe passava pelos olhos. Começou a publicar os seus textos em periódicos no ano de 1945. É - o futuro o comprovará - um dos melhores escritores portugueses, porém, teve a infelicidade de nascer num país com pouca maturidade cultural, tacanho a todos os níveis, com uma população, na sua larga maioria, adoradora de exiguidades. Se estivesse vivo, instintivamente, manteria a postura “do contra”, não poderia ser diferente, por s

A melodia da mediocridade

  No dia 7 de fevereiro de 2020, numa publicação em outro veículo de comunicação, explanei acerca do excelente “Crítica della Víttima”, do italiano Daniele Giglioli, um livro que “investiga a origem da ideologia da vítima e a consolidação de uma estratégia de lamúrias que divide a sociedade em réus e vítimas, vítimas em algozes (…) Em lugar das ambições de emancipação e transformação que caracterizam a modernidade, Giglioli defende que hoje é a retórica da vitimização que mais captura o imaginário social. Foi explorando o ressentimento dos que se consideram vítimas do sistema, que, Donald Trump e a coalização liderada por Giuseppe Conte na Itália se elegeram. O triunfo do vitimismo estaria ligado ao retorno de afetos políticos de implicações catastróficas: Hitler e Mussolini chegaram ao poder culpando os outros, diz. Agora, como à época, a popularidade do vitimismo teria ligações com a crise do regime democrático, a sensação de que há um fosso intransponível entre cidadãos e elites p