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A mostrar mensagens de dezembro, 2021

Ano novo, velhos hábitos

  Durante décadas pairou sobre a Terra um pensamento reconfortante, o de que, realmente, os novos anos que se aproximavam poderiam trazer à humanidade muita alegria, saúde e paz. Balelas insonsas disparadas por bocas pueris. O ser humano – e ficou claríssimo com o surgimento das redes sociais – odeia-se. Não existindo, portanto, a mínima hipótese de um alvorecer pacífico a cada manhã. A ganância e a inveja foram, no passado, os pratos a servir. E nada mais do que isso existirá, futuramente, nas comunidades a que pertencemos. Os valores que deveriam nortear o pensamento humano estão muito distantes de uma realidade sólida e palpável. O desejo de ser bondoso, que atravessa a todos, só se mantém em alguns, pouquíssimos, seres. O que é perfeitamente visível naquilo que se publica na Internet e o que se vê nas ações do dia-a-dia.   Albert Einstein (1879-1955), no seu extraordinário “Como vejo o mundo”, publicado no já distante ano de 1930, diz-nos: “Os ideais que iluminaram o meu ca

A praia da minha infância

É de uma extensão absurdamente bela, com palmeiras, amendoeiras e outras espécies arbóreas a estenderem-se por 218.800m2. Entre a magnificência da natureza repousam estátuas, hermas e bustos das mais significativas personalidades. Nos bem cuidados canteiros saltam-nos à vista as mais diversas castas de inenarráveis exemplares florícias que dão ao imenso jardim um colorido estonteante, inefavelmente estético. Caminhar por aquelas alamedas; brincar entre alfobres; subir ao leão (criação de Sigismundo Fernandes, instalado em 10 de outubro de 1940) e ao jaguar (executado pelos alunos do Instituto D. Escholástica Rosa, na sua Oficina de Fundição Artística), - ambos em betão e pintados de branco - para se deixar fotografar, é um delicioso entretenimento; sentar em um dos inúmeros bancos e ver a passagem dos navios de alto calado, a caminho da entrada do porto, é outro. É de destacar que esses são os maiores jardins frontais de praia do mundo, abrangendo sete bairros (José Menino, Pompeia

Uma polêmica sem sabor

  Recentemente publiquei dois artigos que foram baseados num excelente texto do historiador, investigador e médico Dr. Duílio Crispim Farina, de saudosa lembrança. Esse abalizado cultor das belas-letras, com a sua verve tão peculiar e repleta de elegância, aponta para algumas obras de arte que existiram em três concelhos portugueses, e que, por razões que se desconhece, deixaram de estar visíveis ao público. O venerável doutor, na publicação “Alguns apontamentos sobre monumentos portugueses em Caldas da Rainha, Coimbra e Lisboa” refere “a existência de uma estátua em lioz, em homenagem a Eça de Queirós, no Parque Dom Carlos I, em Caldas da Rainha, em contraponto com outra, do mesmo autor cerâmico, porém, de gesso, e que esteve provisoriamente no mesmo parque”. Cita, também, a “estátua equestre de D. João IV, em bronze, que durante dois anos ornamentou o Parque Dom Carlos I”. Conhecendo bem a seriedade desse boníssimo médico, culto historiador e exímio investigador, dou-lhe todo o c

Obras de arte desaparecidas: Estátua Equestre de D. João IV

    D. João IV (1604-1656), 8º duque de Bragança, 5º duque de Guimarães, 3º duque de Barcelos, filho de D. Teodósio II de Bragança (1568-1630) e da Sra. D. Ana Fernández de Velasco y Téllez-Girón (1585-1607), casado, no ano de 1633, com a Sra. D. Luísa Maria Francisca de Gusmão e Sandoval (1613-1666), da Casa espanhola de Medina-Sidónia, foi aclamado como o 22º Rei de Portugal e Algarves no dia 15 de dezembro de 1640. Cognominado “O Restaurador” - pois foi ele que restabeleceu a Monarquia portuguesa, depois de 60 anos de domínio espanhol (Guerra da Aclamação ou da Restauração) – foi um estratega militar e um meticuloso diplomata. No ano de 1645 despendeu uma jornada a Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Alcobaça e Nazaré. Em todas as localidades foi muito aclamado, tendo as populações saído à rua e lançado loas festivas à sua passagem. Junto aos caldenses permaneceu dois dias, 27 e 28 de setembro, aí pernoitando no mais extremo conforto. Segundo rezam as crónicas do tempo passad