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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2020

A Cultura e a Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos

  Deixo, nesta minha coluna semanal, toda a minha satisfação por saber da publicação de mais um livro importante para a salvaguarda da história da instituição em epígrafe: O seu 11º volume de Atas. Num atento trabalho de recolha e editoração, encontra-se agora à disposição do público em geral esse valioso documento que muito, com certeza, honrará as gentes obidenses. O historiador Ricardo Pereira, o provedor Carlos Orlando de Castro e Sousa Rodrigues, bem como toda a Mesa administrativa, Assembleia Geral e Conselho Fiscal, num esforço admirável, estão a trazer a lume uma riqueza ímpar, através do desenvolvimento de um projeto cultural, estabelecido na raiz mais profunda de uma Instituição, ou região. Sendo que, ao mesmo tempo, apenas deste modo pode ficar na memória coletiva de um país. Se destacarmos somente este 11º volume, reparamos que o que ali está mais em evidência é a saúde financeira da Santa Casa, que vai de uma preocupação natural (devido à debilidade estampada na do

As águas de uma cidade

  Com muita curiosidade refiz um roteiro de águas em Caldas da Rainha. Um passeio muito interessante e que me levou a analisar alguns, poucos, pontos singulares acerca do facto de essa cidade ter surgido das águas e estar a morrer sem elas. Afogada na sua própria sede. Chafarizes, bocas d’água, bebedouros, veios incrustados na terra, tudo largado à sua própria sorte. Um dia, a Rainha D. Leonor de Lencastre (1458-1525) acreditou nas riquezas curativas das águas quentes que brotavam nesses chãos, o que a levou, em futuro não muito distante, a mandar erigir uma capela e um nosocómio termal, ambos destinados à cura. Alma e corpo, razões mais do que perfeitas para o desenvolvimento do Lugar. Não foi à toa que, pelos séculos adiante, a monarquia, a nobreza e a burguesia, encantaram-se pela região. Entojos que putrificaram mentalidades. Quem com isso perdeu: O povo andrajoso e pobre que tanto necessitava daqueles santificados e curadores banhos. A mentalidade não se alterou. A decomposi

A Filosofia Aristotélica e o político atual

  Para Aristóteles (384 a. C – 322 a. C.) a política é a ciência que possui por finalidade proporcionar felicidade ao ser humano, e está dividida na Ética, e na irrepreensível organização, direção e administração das Cidades-Estado. A Ética deveria ser, segundo o próprio autor, o motor de uma engrenagem muito bem afinada, onde as pessoas fossem a razão pela qual toda a estrutura política existe. Na “Política” (dividido em oito livros), esse autor pretende examinar as estruturas governamentais, bem como os organismos existentes na sociedade, apropriados para confirmar a possibilidade de oferecer a todos os cidadãos uma vida plenamente feliz. Demandar conhecimento como meio para a atuação é o mote aristotélico para o político oferecer bem-estar geral aos seus concidadãos. A prática filosófica desse pensador regeu a intenção/ação da Europa a partir do século XII, e foi o início de um avanço espetacular no campo científico, baseado nas suas teorias, o que, em crescendo, ocasionou

Salazar nas estantes

  Como é do conhecimento público sou ideologicamente de Esquerda, porém, recentemente, um grande amigo, cujo ideal político assenta na Direita, disse-me que achava curioso o facto de, sendo eu uma pessoa com essa tendência política, possuir na minha biblioteca um volume tão grande de publicações de e sobre o Dr. António de Oliveira Salazar (1889-1970). Atualmente, especialmente pelas redes sociais, deparamo-nos com comentários francamente alienados acerca da atual conjuntura política portuguesa. É graças a esse alheamento que surgem os partidos de Extrema-Direita. Infelizmente, uma absurda quantidade de pessoas passa a identificar-se com eles, movidas que são por palavras/frases de efeito, daquelas que ecoam lindamente em ouvidos pouco atentos. Se separarmos o político do escritor, percebemos que o Dr. António de Oliveira Salazar possuía uma curiosa qualidade intelectual, que o levou a escrever textos literariamente interessantes. Esse é um dos pontos que me impele a ler a sua prod