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A mostrar mensagens de janeiro, 2020

Aprazíveis pescarias na Lagoa de Óbidos

Quem conhece ou esteve, pelo menos uma vez, na Lagoa de Óbidos possui, certamente, inúmeras e excelentes recordações. As minhas são, além de distintas, muito remotas. Nesta folha arrojo-me e revivo uma que me traz à memória o meu avô Rui Mateus (1899-1956). Segundo um antigo relato de minha mãe, este homem alto, espadaúdo, delicado nos gestos e educado na fala - que nunca levantara a voz para ninguém e jamais erguera a mão para algum dos quatro filhos, fazia com que tudo seguisse em conformidade, no ritmo de sua voz, poderosa e bem acentuada – não perdia uma oportunidade para conviver com os amigos. De vez em quando, o domingo era passado fora de casa, em tertúlias, nas Caldas da Rainha, em Óbidos, na Nazaré, ou em outra localidade próxima. Porém, em certas ocasiões, na primavera ou no verão, o local escolhido para o convívio era o Braço da Barrosa, na Lagoa de Óbidos. Era uma época diferente (entre os anos de 1930 e 1956), as amizades eram solidificadas com hone

O Cruzeiro da Memória

Reza a lenda que D. Afonso Henriques (1106, 1109 ou 1111 – 1185) montou acampamento onde, atualmente, está edificado o Cruzeiro da Memória, em Óbidos. Estava, o Conquistador, a preparar-se para invadir e apoderar-se da vila que, à época, achava-se em poder dos Mouros. Esse monumento foi erguido no século XVI e possui uma mescla entre os estilos gótico e manuelino e está localizado fora das muralhas, nas proximidades do Aqueduto, e na articulação das estradas que nos levam às Quintas do Jardim e da Pegada. Devo aqui referir que o transepto que ali se encontra já não é o original, mas, é deveras importante, senão vejamos: Todo aquele agregado escultórico é representado por uma cruz, cujo relevo expõe componentes ornamentais específicos do período manuelino, pois a figuração dos seus braços culmina numa flor-de-lis. O pedestal que a sustenta ostenta adornos vegetalistas, e a ambivalência da própria cruz consente que uma das faces exponha Cristo Crucificado, e, a outra, Nos

Um passeio por Óbidos

Nem sempre uma investigação é efetuada dentro de arquivos e bibliotecas, algumas vezes, a salutar caminhada pela região, alvo de estudo, traz-nos esclarecimentos, de sublime importância, acerca de determinados assuntos. É exatamente o que tem ocorrido comigo em Óbidos. Esta vila possui muitos dos atributos de qualquer vila histórica da Europa, porém, sinto-a muito mais “viva” do que outras similares. É um local excelente para desentorpecer a mente e as pernas, primeiro porque desfruta de uma atmosfera muito sugestiva, segundo porque o concelho (não só dentro das muralhas) possui uma população afável e bem-disposta. As suas vias – refiro-me àquelas pouco frequentadas por automóveis – são de uma placitude impressionante. Quanto mais nos embrenhamos pela Óbidos desconhecida, mais vontade temos de não sair dali. Obviamente, um dia, a política vendida aos interesses financeiros, poderá destruir o que de belo existe. Resta à população organizar-se, para proteger o s

O Santuário do Jesus da Pedra

Esta semana, devido às minhas continuadas investigações acerca da vila de Óbidos, senti uma necessidade curiosa de adentrar a porta principal do Santuário do Jesus da Pedra. Este magnífico espécimen arquitetónico e religioso, originário do século XVIII, é um monumento notável. A sua inauguração remete-nos para o distante ano, de 1747, estava D. João V “O Magnânimo” (1689-1750) sentado no trono português (casado com Dona Maria Anna Josefa, arquiduquesa de Áustria (1683-1754). Este monarca possuía indubitavelmente uma grande visão cultural, basta, para o comprovar, ver os imensos vestígios do seu tempo de reinado: O Palácio Nacional de Mafra, a maior parte da coleção do Museu Nacional dos Coches, o Aqueduto das Águas Livres de Lisboa, a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, a Academia Real da História Portuguesa, a criação do Patriarcado de Lisboa, e o Tratado de Madrid de 1750. O risco da obra do Santuário do Jesus da Pedra é de autoria do arquiteto capitão Rodr

Direitos Humanos: História e Modernidade

Recentemente, na sede do Olha-te, nas Caldas da Rainha, uma atenta plateia teve a oportunidade de ouvir a Dra. Isabel Alves Pinto, especialista em Direito Público, proferir a conferência “Direitos Humanos: História e Modernidade”. A conferencista, com afinada eloquência, explanou calma e concertadamente, durante cerca de 1 hora, sobre tão importante tema. A assistência, constituída por diversas pessoas relacionadas ao Olha-te, a dissemelhantes quadrantes da sociedade caldense, e a diferentes estruturas políticas (inclusive, um excelente contingente do Partido Socialista, o que me agrada muitíssimo, pois, mostra que uma parte da militância está atenta à necessidade de trabalhar a sua atualização sobre tão importante tema), esteve concentrada durante todo o evento, não se intimidando e dirigindo inúmeras perguntas à oradora. A preleção em questão faz parte de um estudo muito alargado, que a Dra. Isabel Alves Pinto desenvolve há muitos anos, ensaio que será publicado na ín