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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2022

Praças decadentes

  As praças da fruta e do peixe, em Caldas da Rainha, estão em franca decadência. A maioria dos vendedores acredita, inclusive, que com a abertura da nova superfície comercial, no centro da cidade, será muito difícil continuarem a trabalhar. Enquanto, em inúmeros países, os investimentos em praças como aquelas prosseguem a aumentar, no concelho caldense ocorre exatamente o contrário. Se estudarmos determinadas cidades que possuem esse tipo de mercados, percebemos a preocupação política em distanciá-los das grandes superfícies, evitando, assim, constrangimentos comerciais. Outro problema enfrentado é o do desmonte das bancas na praça da fruta. Um espaço que deveria ficar disponível para a colocação de esplanadas e para o usufruto dos transeuntes em geral, na maioria dos dias só está desimpedido totalmente após as 16 horas. O edifício da praça do peixe, depois do horário de trabalho, é encerrado, não sendo utilizado para mais nada. Um desperdício. Essas praças caldenses passarã

Teatro Maior

  No recente dia 14 de maio, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, ocorreu a estreia de “O Filho da Rainha e a Mãe do Rei”, de autoria do poeta e teatrólogo Cássio Junqueira. Um texto admirável, amparado por acentuada emoção e sublinhado ritmo, encenado pelo excelente Cássio Scapin, e interpretado por Luísa Ortigoso e Beto Coville. A trama: D. João VI (1767-1826), “o Clemente” e a Rainha D. Maria I (1734-1816), “a Piedosa”, vivem um delicado momento, que é o da Primeira Invasão Francesa de Portugal (1807), emoldurada pela ação expansionista de Napoleão Bonaparte (1769-1821). Devido ao melindre da circunstância o diálogo entre os dois monarcas ocorre em variados tons, alternando o afável, o rabugento, o irascível, o amoroso e, até, o desequilibrado (graças aos arroubos alucinados que pairavam na mente da Rainha). D. João VI insistia na necessidade da partida da família Real para o Brasil-Colônia. A Rainha detestava a ideia, principalmente por ter sido ela a responsável pelo b

A política e o conhecimento

  As ideias são perigosas, e quem as tem é – inevitavelmente - um alvo a abater. Essa frase poderia ter sido pensada por um político, num momento reflexivo, enquanto jantava à custa do contribuinte. Não só essa, centenas delas. Todas as possíveis, que demonstrem o asco que a maioria dos políticos possui dos seres que pensam. Poder, no latim, tem a mesma raiz que a palavra Potência, ou seja, a “capacidade de fazer algo, de empreender algo”. Com o correr das décadas, o significado foi alterado, passando a uma “capacidade de impor, de mandar, e de submeter os outros à própria vontade”. Poder, atualmente, também pode querer dizer Autoridade (geralmente acompanhada por demonstrações arrogantes de imposição, de dominação, e de brutalidade psicológica). Poucos são os políticos com ideias, e detentores de conhecimento (sujeito – cognoscente e o subobjecto – cognoscível). A maioria é boa de conversa fiada, o que demonstra um certo toque argumentativo, aliado a algum carisma, ao abraço fof

Amargurada Cultura

A Cultura, neste 2022, dispõe de um orçamento que continua a representar menos de 0,3% do Orçamento de Estado. Além desta catástrofe, que atrofia o desenvolvimento intelectual da população, uma boa parcela dos municípios que conheço contam com fragilíssimos vereadores na respetiva pasta. Tudo indica que são escolhidos a dedo pelo presidente da Câmara, não para alavancar o progresso do setor, mas apenas para “dar emprego a um amigo”. São inúmeros os casos de inépcia, basta observar superficialmente (não é necessário “cavar” muito para o descobrir) o que ocorre nas autarquias do Oeste, para verificarmos o pouco que a Cultura tem a oferecer. A Cultura, em todas as suas ramificações, tornou-se o primo pobre, aquele que não interessa ter por perto, pois pode denegrir o “bom nome da família”, por isso, entrega-se a pasta a qualquer um que não faça barulho, siga os protocolos, não peça dinheiro, fale minimamente o português, e tenha pose, muita pose. Como exemplo, sito o que se passa

O colo dos avós

  Feliz daquele que teve a oportunidade de sentar-se no colo dos avós. Em minha modesta opinião, acredito que a convivência com os pais dos nossos pais deixa no coração, na alma, e na mente, uma infinitude de generosidade, além de proteger-nos de ataques de depressão e ansiedade, podendo, inclusive, ajudar-nos a ter autoestima, discernimento emocional e melhor desempenho escolar. Dependendo do temperamento dos avós, podemos abraçar causas sociais; defender opiniões clubísticas, quiçá políticas; compreender quem somos; aprender a história da nossa família; ampliar a nossa impressão de conforto e segurança; pedir as coisas mais estranhas para comer; empanturrar-nos de mimos, de beijos e de abraços; ou seja: criar memórias que guardaremos por toda a nossa existência. Quem nunca os teve, não sabe o que perdeu. Quem já não os tem sabe muito bem a falta que fazem. Nos dias que correm, as crianças e os adolescentes não têm tempo para lhes dar atenção (e receber em troca o exemplo mais