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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2019

Um jardim para Carolina

Revolucionária e doce. O que mais posso dizer de ti, minha querida Carolina? Creio que poucos extravasaram tão bem, tão literariamente, tão poeticamente, as suas apoquentações políticas. Vivias num estado febricitante de transbordamento emocional, que o digam os teus textos – aflitos – sobre as questões sociais ou, no mais puro dos devaneios sentimentais, as tuas observações sobre a música que te apaixonava. O teu perene estado de busca pelo – quase – inalcançável, fazia-nos compreender como pode ser importante a fortaleza de uma alma que não se verga a modismos ou a chamamentos fúteis vindos de seres pequenos. E por falar em alma, a tua era maior do que o teu corpo, por isso vivias a plenitude da insatisfação contínua. Esse espírito, um bom daemon , um excelente génio, que para os antigos gregos nada mais era do que a Eudaimonia , que tanto os carregava de felicidade, permitindo-lhes viver em harmonia com a natureza. Lembro-me de uma conversa ligeira, onde alinhava

Figueiró dos Vinhos

O último artigo da série acerca das geminações de Caldas da Rainha é sobre esta vila em epígrafe, situada na Beira Litoral, no distrito de Leiria. É uma localidade simpática, com algumas referências históricas que remontam à Idade do Bronze Final, porém, só podemos considerar esta irmandade se atentarmos ao facto de que foi o pintor José Malhôa (1855-1933) que efetuou a aproximação das duas localidades, através da construção, em terras figueiroenses, do seu atelier , e casa de campo, batizado por “Casulo”, ainda hoje passível de visitação, embora muito desprovido, internamente, dos ingentes vestígios ali deixados em vida pelo grande Pintor. Foi graças à corrente Naturalista - sob tutela desse Mestre caldense, e ainda dos escultores José Simões de Almeida, Tio (1844-1926) e José Simões de Almeida, Sobrinho (1880-1950), e do pintor Manuel Henrique Pinto (1853-1912) - que Figueiró dos Vinhos foi alvo de maior admiração no contexto nacional. A “Escola Naturalista de Figueiró”

Badajoz

Bela Espanha, esta que nos é representada por Badajoz, onde as lendas sobre a sua origem se multiplicam, assim como as graciosidades culturais, sopradas por ares de uma arqueologia remota e muito rica. Terra de nomes sonantes, naturais. Ou passageiros de aventuras citadinas, situados em embarcações melífluas, repletas de beleza, entre pincéis, acordes, letras e monarquias, refiro-me, entre tantos, ao El Divino, Luís de Morales (1509-1586), a Joaquín Romero de Cepeda (1540-?), a Juan Vásquez (1510-1560 ou 1572), a Rodrigo Dosma (1533-1599), a Dom Rodrigo (688-711) a Diego Sánchez (1525-1549). Um concelho onde a história atropela os nossos sentidos mais apurados, deixando-nos com muita sede de conhecimento. Uma região onde o derramamento de sangue, devido aos inúmeros conflitos ali ocorridos pelos tempos afora, obriga-nos a cair em perplexidade, fazendo-nos duvidar, até, de como foi possível chegar aos dias atuais. Mas, instala-se depois a certeza de que foi a fibra e a f

Huambo

No Planalto Central de Angola encontramos um município muito cosmopolita, refiro-me à formosa Huambo, que, entre os anos de 1928 e 1975, era conhecida por Nova Lisboa. Em todo o seu território apresentam-se-nos pessoas das mais diversas origens, porém, o português mantêm-se como a língua dominante. A história legou a Huambo o epíteto de “Capital de um dos grandes reinos pré-coloniais” de todo o centro do país, os Ovimbundos, de etnia bantu, representados pelos Wambo, e que ocupam uma imensa área no âmago ocidental de Angola, chegando a estender-se desde o litoral até às regiões montanhosas de Benguela. A província do Huambo, onde está situada a cidade com o mesmo nome, possui a sua riqueza ancorada em duas atividades: A extração mineral (manganês, diamantes, volfrâmio, ferro, ouro, prata, cobre, urânio, etc.) e a agropecuária, que, juntas, representam quase 80% da economia de toda a região. Além disso, é, também, um núcleo de excelência no âmbito académico, designadame

Le Raincy

Uma Comuna francesa é uma das geminações de Caldas da Rainha. Refiro-me a Le Raincy, conhecida, também, por “Enclave Burguês”, ou “A Pequena Neuilly”. Localizada no Departamento de Seine-Saint-Denis, uma formosa região situada no meio do pays d’Aulnoye, na área administrativa de Ile-de-France, nordeste de Paris, na França. Le Raincy é uma plaga admirável, cuja história está amparada pela fina flor da nobreza francesa, tendo, inclusive, a gratitude de ver projetado o seu nostálgico Château du Raincy pelo afamado arquiteto Louis Le Vau (1612-1670). É de notar que foi neste local, no ano de 1664, que o dramaturgo Jean-Baptiste Poquelim, o reconhecido Molière (1622-1673) estreou Le Tartuffe, após convite de Anne de Gonzague de Cleves (1616-1684), a então proprietária daquele castelo. Desde os primórdios que aquele burgo é alvo de sequazes defensores de ideias democráticas e libertárias, porém, as vicissitudes trazidas por diversos conflitos militares - entre eles a Ocupação