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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2022

As cidades e o futuro

  Todos os dias tento encontrar razões para acreditar que a classe política quer, realmente, o melhor para a sua urbe. Enquanto, em diversos países, notamos o crescimento vertiginoso de programas elaborados para o aperfeiçoamento da qualidade de vida das populações, aquilo que presencio no dia-a-dia é tão irrisório, desinteressante e desqualificado, que acaba por confirmar as inúmeras deficiências da categoria acima indicada. Distintas localidades do planeta estão a ser delineadas, praticamente de raiz, para prover os seus moradores de um modo sustentável, como é o caso da cidade de Songdo, na Coreia do Sul, em que os carros serão abolidos, dando total prioridade aos transportes públicos e às bicicletas. Além disso, está a ser executado um traçado urbanístico que prevê a aproximação dos locais de trabalho, e lazer, dos distritos residenciais, o que significará uma grande poupança de tempo e dinheiro, em deslocações, para a população em geral. Um dos pontos mais importantes desse pl

Abelhas e Borboletas

  Caminhando pelos campos que se apresentam diante de nós, apercebemo-nos, com temor, do silêncio que nos rodeia. Não vislumbramos, também, as centenas de espécies florícias que nos cativaram na juventude. O ser humano, consciente e/ou inconscientemente, está a exterminar as abelhas e as borboletas (e inúmeras outras castas). A preocupação em manter as comunidades de insetos caiu absurdamente. Só em relação às abelhas, diversos estudos indicam que no planeta já subsistiram mais de vinte e cinco mil classes, divididas por sete famílias biológicas declaradas, e que, em Portugal, no ano de 2010, existiam cerca de dezassete mil apicultores, trinta e oito mil apiários e quinhentas e sessenta e duas colmeias, porém, devido ao exagero da aplicação dos químicos agrícolas; à avançada poluição ambiental; à mudança na utilização dos solos e perda de habitats; às alterações climáticas; à expansão de espécies invasoras (porque o ser humano está a matar – descontroladamente – os seus predadore

Trevas citadinas

  É tarde. As ruas estão desertas, porém, há ruídos desagradáveis embalando o ambiente. Cicios vindos de lúgubres gargantas. Rumorinhos de insalubres agitações emocionais. Repentinamente uma ave estranha e anafada atravessa o ar, num voo rasante e desordeiro, como se pretendesse um fígado para alimento. Procurei o rochedo e não o vi. Prometheu não mora aqui. Avanço por entre caminhos onde um dia existiu vida sã, talvez a mesma cultivada por Epimeteu e por seu irmão, porém a vista nada alcança, é breu o destino desta humanidade. Desde o roubo do fogo dos Deuses que Zeus, enfurecido, castiga-nos. E nós, pequenos mortais, sem aceitar, com humildade, o erro, elevamos o olhar e ainda o desafiamos. Prometeu jaz acorrentado à velha montanha, e as ruas desta cidade, urbe castigada pelo tempo - e por atitudes políticas que a ferem mortalmente - vai esvaziando a possibilidade de dar abrigo a Hefesto. O futuro será vil nestas paragens. Apresso o passo. Desejo aninhar os meus pensamentos e