O analítico é aquele ser que
analisa a arte, ou a vida, de um modo geral, emitindo uma opinião ou um juízo
de valor daquilo que observa e deduz. Geralmente é mal visto pelos políticos,
pois - se for imparcial, como se deseja - é o indivíduo que vai colocar a nu as
imperfeições dessa classe. Um perigo nos dias que correm. Afinal, os eleitos
possuem uma sede inimaginável por parecerem imaculados.
Como, felizmente, não tenho “patrocinadores
autárquicos” posso expor as falhas políticas existentes na região.
Outros, como dependem de verba
camarária, enfeitam os problemas. Atirando-os por cima do ombro.
A maioria dos populares preferem
fazer de conta que nada se passa. E, os que possuem as qualidades necessárias
para juntar vozes e apelar por mudanças, infelizmente, acomodam-se no conforto
de uma rede social.
Ser analista rigoroso (para
elogiar se for o caso, ou mandar abaixo, ideias, propostas e projetos para um
concelho) é ser correto e honesto com o leitor. A opinião sobre o que se
analisa deve conter toda a lealdade para com quem paga atempadamente os seus
impostos e colabora, do modo que pode, com um país que, na maioria das vezes, quando
mais necessitamos dele, vira-nos as costas.
Seria mais confortável, para
mim, em todos os sentidos, se passasse a mão no lombo dos autarcas, dizendo que
são maravilhosos e que tudo corre lindamente.
A análise é a arte da
apreciação e da controvérsia. É preciso coragem para emitir os resultados,
sempre embasados em verdade e conhecimento.
As redes sociais trouxeram à
tona o juiz de sofá, o indivíduo que “manda bocas” às mancheias. Esse é apenas o
elefante no meio da sala (ou elefante, ou touro, na loja de porcelanas), nada
contribuindo para a evolução do concelho, do distrito e do país.
É claro que o verdadeiro questionador
fala, e escreve, sobre aquilo que um grupo alargado de pessoas evita articular.
Essas são as funções corretas do analítico.
Um dos meus “apontar de dedos”
está exatamente em querer o melhor para os dois concelhos que atualmente são os
meus locais de morada. Cuidar do que se tem é o primeiro passo para possuir uma
excelente região para residir. É claro que a maioria dos eleitos quer ser bem
falada e aplaudida, mas para isso é necessário trabalhar muito e não andar a
esmolar (e a pagar por) críticas positivas (elas surgem naturalmente, se esses
indivíduos honrarem o voto que receberam, o que não tem sido o habitual).
Há políticos que, antes da
eleição, já mostram ao que vêm (geralmente garantir um bom ordenado no final do
mês, ou até mesmo um emprego), mesmo assim conseguem enganar os desatentos.
Este indagador, como lê todas
as propostas e programas políticos antes das eleições, já sabe com o que conta.
E, naquele onde deposita o voto, fá-lo com seriedade, sem carneirismos. É assim
que devem ser as apreciações. Independentes, idóneas e leais para com os
leitores.
Há duas frases que cabem como
uma luva nesta crónica, a primeira delas é de autoria de Francesco de Sanctis (1817-1883):
“O crítico é semelhante ao ator; tanto um como outro não reproduzem
simplesmente o mundo poético, mas integram-no, preenchendo as lacunas”. A outra
é de Voltaire (François-Marie Arouet, 1694-1778): “A política tem a sua fonte
na perversidade e não na grandeza do espírito humano”. Por isso, ficar atento e
denunciar o que está errado, é um ato de cidadania e democracia.
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Imagem: Ratatouille. Pixar.
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