Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2019

Aqueduto da Usseira

Vetusto e sólido, este monumento assiste, todos os dias, desde o ano de 1622 (a sua construção foi iniciada em 1573), à chegada de todos aqueles que se acercam da Vila de Óbidos. Mandado construir pela Rainha Catarina de Áustria (1507-1578), esposa do Rei D. João III (1502-1557), desdobra-se ao longo de seis quilómetros (destes, 3,5 são subtérreos), desde a sua nascente na Usseira até à praça de Santa Maria de Óbidos. O seu projeto seguiu uma política de modernização de toda a urbanidade da Vila, para, assim, dar início a uma, até então inexistente, estrutura de provimento de água para a região. Para levar a cabo o seu intuito, a monarca negociou, com a Câmara local, os terrenos da Várzea do Mocharro (a partir de 1573 passou a chamar-se Várzea da Rainha), recebendo-os, em troca da construção do aqueduto. Contemporaneamente, quem para este olha, pode admirar as arcadas - “com arcos de volta perfeita, levemente quebrados sobre as vias” - fortalecidas a intervalos sist

Óbidos em 1909

Nesse ano em epígrafe, em Lisboa, o Rei D. Manuel II (1889-1932) estava sentado no trono português, para onde ascendera após o assassinato de seu pai, o Rei D. Carlos (1863-1908) e de seu irmão D. Luís Filipe (1887-1908). Fernando Pessoa morava num quartinho modesto, situado no Largo do Carmo, nº 18, 1º esquerdo, e passava os dias trabalhando como tradutor de correspondência comercial. Júlio Dantas lançava “Outros Tempos”, onde explanava acerca dos inquéritos médicos às genealogias reais portuguesas, das casas de Avis e Bragança, discorria sobre o que fora o século XVIII neste território e pincelava notas curiosas sobre modas e episódios do período romântico. Tudo muito urbano e distante do Portugal pequenino de outras plagas. Óbidos era, então, uma vila erma e tristonha, dentro das muralhas do Castelo. Uma Praça-forte muito combalida, com mostras avançadas da inexcedível gastura provocada pelos anos que passaram, sem o mínimo de conservação. Numa das residências

As touradas e a lucidez de José Pacheco Pereira

Assisti recentemente a um pequeno debate televisivo entre José Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares. Desse embate resta-me afirmar que o nome em epígrafe continua brilhante e, porque não o dizer, genial, no que concerne ao quesito “tourada”. Pacheco Pereira “dá um banho” de sensatez durante aqueles poucos minutos de interlocução. O seu colocutor não conseguiu argumentar – como sói acontecer aos amantes dessa atrocidade, pois, o sangue desses pobres animais enublam as suas vistas e carcomem os seus neurónios -, como sempre ocorre. A ausência de quanto pode sobrevir, na mente do aficionado que contendia o tema, prova que a questão da abolição das touradas, em Portugal, passa por um grande trabalho a ser desenvolvido pelos professores em sala de aula, desde o primeiro ano escolar, para não chegarem a adultos desprovidos de sensibilidade para com o próximo, mesmo que este seja um mamífero de quatro patas. Enquanto Pacheco Pereira defendia o fim das touradas, Miguel So

Igreja de Santa Maria

O meu pai nasceu no ano de 1931 em A-da-Gorda e, poucos dias depois, foi batizado na Igreja de Santa Maria. Óbidos era, por aquela altura, uma vila menos turística e mais atenta às questões religiosas, por isso, creio, existia um halo de magnificência ao redor daquele templo. Os naturais da terra – e muitos de outras plagas – percorriam as igrejas obidenses com um devotamento que impressionava, mas, era em Santa Maria que mais se demoravam. Era uma época diferente. António de Oliveira Salazar (1889-1970) ocupava a cadeira de ministro das Finanças, e dois anos depois seria plebiscitada uma nova Constituição, dando, assim, início ao Estado Novo. Rezam as crónicas antigas que a Igreja de Santa Maria (ou Igreja Matriz de Óbidos) fora sagrada em 1148 por D. Afonso Henriques (1109-1185), logo após a conquista da Vila. Este monarca, com o apoio de cruzados do norte da Europa, conseguiu conquistar Lisboa aos Mouros no ano anterior e, numa sucessão de vitórias, foi alargando