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A mostrar mensagens de outubro, 2013

As polainas do Senhor Pierre

Quando desci para comprar o jornal, o Quartier Latin estava ainda embaciado, com aquele jeito outonal que nos faz desejar mais algumas horas de bom sono.   Minutos depois, ao estender a mão para pagar o exemplar do Le Figaro , dei por mim a admirar as polainas do Senhor Pierre. De imediato, fiquei na dúvida se o que ficara perdido pelos séculos XVIII e XIX seria o bom gosto do meu vizinho ou o meu olhar.   Ali estavam elas, de couro, com o objetivo de proteger os sapatos do cavalheiro, belas, remetendo a imaginação para os romances e os poemas que brotaram na Belle Èpoque , um período delimitado por intensas evoluções culturais que se expressaram em modernos processos de refletir e nutrir o dia-a-dia, tanto em França quanto no Brasil. Uma época áurea, constelada, em estética, em inovação, em talento literário. Um período em que a mente pervagava pelas páginas de Henri Murger, Baudelaire, Balzac, Anatole France, Émile Zola, Verlaine, Mallarmé, Oscar Wilde, Rimbaud,