Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de 2022

Capela de Santo António

  Construída no século XV e situada no centro da aldeia da Dagorda (popular e erroneamente chamada de “A-da-Gorda”, situada em Óbidos), no rossio com o mesmo nome (mas também conhecido como “praça do Jogo da Bola”), em estilo barroco, de planta longitudinal, com nave única e nártex. No interior, vemos o tríptico sob o arco da capela-mor: “São Francisco de Assis”, “A Virgem e o Menino” e “Santo António”, além das telas “A Paixão de Cristo no Horto das Oliveiras” e “São Gregório Magno”, todas obras de autoria de Josefa de Ayala e Cabreira Figueira (dita Josefa de Óbidos, 1630-1684). Além de uma tela de Baltazar Gomes Figueira (1604-1674), datada de 1643, nomeada “Repouso na Fuga para o Egito”. Na nave encontramos um belo revestimento a azulejos (aplicados no correr do século XVII), delimitados por caixilho, sendo primariamente de um silhar, ulteriormente de painéis verticais, com estalões dissemelhantes, entre desconformes cintas, sendo a fração superna, de outras duas faixas, consum

Outros tempos

  Clementina Maria Ferreira de Jesus (1890-1977), minha bisavó, pela linhagem paterna, nasceu em A-da-Gorda, Óbidos. No ano do seu nascimento Albert Einstein (1879-1955) formou-se em Física e Matemáticas na Politécnica de Zurique; Em Angra do Heroísmo, Açores, ocorreu a Aclamação de D. Carlos I (o Diplomata, 1863-1908); “Monkeyshines nº 1” (uma produção experimental do Edison Studios, de propriedade de Thomas Edison (1847-1931)), sob direção de William K. L. Dickson (1860-1935) e William Heise (1847-1910), torna-se o primeiro filme estadunidense; É executada, pela primeira vez, num sarau lisboeta, a composição que se tornaria (em 1911) o Hino de Portugal: “A Portuguesa”, com letra de Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931) e música de Alfredo Keil (1850-1907); O “Hino Nacional do Brasil”, cuja melodia é de autoria de Francisco Manuel da Silva (1795-1865), é oficializado; Morre o pintor neerlandês Vincent van Gogh (1853-1890) e o escritor Camilo Castelo Branco (1825-1890). Na litera

A dor do tempo que passa

  A morte não é um tema que amedronte. Impõe respeito, mas não atemoriza. A memória filosófica está abarrotada de conjeturas e doutrinações sobre o finamento humano, contudo, não passa disso mesmo, suposição e catequese. Platão (428-347 a. C.), Montaigne (1533-1592), Schopenhauer (1788-1860), Heidegger (1889-1976), etc., debruçaram-se sobre o tema, porém, como não o puderam explicar pelo ponto de vista do finado, o desfecho que nos legam atira-nos para um pensamento muito vago: a morte é o númen da filosofia. Fédon – um dos esplêndidos diálogos de Platão, que retrata a morte de Sócrates (470-399 a. C.) – externa, enriquecido de diversos argumentos, que a alma é eterna, existindo, assim, vida, após a morte do corpo físico. Michel de Montaigne dizia que “meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade”. Nos seus Ensaios, no decorrer dos vinte anos que lhes dedicou, muito explanou sobre a felicidade dos que não a temem, dos que não se curvam perante a sua aproximação, enfrentand

Acórdãos e Eleições da Confraria…

  Neste mês de novembro, a Mesa Administrativa, a Assembleia Geral e o Conselho Fiscal da Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos, publicaram mais um relevante tomo acerca da sua rica e respeitada história, o “Acórdãos e Eleições da Confraria e Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos (volumes XIV-XVI: 1914-1922)”. O historiador Ricardo Pereira continua, assim, com o seu dedicado e extenuante trabalho de recolha e tratamento da preciosa documentação – cujos originais estão acautelados com zelo e distinção no Arquivo Histórico daquela Casa – que engrandece a biografia dessa Instituição que é um dos alicerces, senão o maior, do concelho de Óbidos. O património que tem sido publicado vem avivar a história da região onde o mesmo está inserido, além de enriquecer a reminiscência coletiva que o construiu (e constrói, dia após dia). A cronografia revela-nos que, a partir do século XVIII, ocorre uma acentuada explosão demográfica, associando-se a esta um avolumar de escritores e

Porta da Senhora da Piedade

“Sobe ao trono português o duque de Bragança D. João 4º pela feliz revolução do 1º de Dezembro de 1640. Neste dia, o povo de Óbidos sacudiu também o jugo espanhol: caem de repente sobre os empregados e levantam o grito a favor do duque de Bragança e nomeiam empregados provisórios, porém foi tudo em tão boa ordem que não aconteceu o mais pequeno desastre a respeito de mortes. Depois de tudo em sossego, D. João 4º manda reparar e reformar o paço do concelho e manda pôr por cima das portas da Vila uma pedra com este letreiro: “A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem mácula do pecado original.” Este rei repara alguns bocados de muralha, manda pôr as portas novas e tirar as antigas por estarem bastante velhas.” O acesso ao interior do Castelo de Óbidos é feito através de quatro portas e dois postigos, sendo uma a Porta da Senhora da Piedade - rematada com o supracitado dístico, ali mandado instalar pelo Rei D. João IV (1604-1656) – situada no ponto meridional da cidadela. Ao observarmos o

Ermida de N. S. do Monserrate

  Também conhecido como Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, este templo renascentista, maneirista e barroco, situado extramuros na Vila de Óbidos, é mais um dos monumentos de destaque do citado concelho. Consta que a primitiva construção, dedicada a Nossa Senhora do Monserrate, foi erguida por volta do ano 1300, pertencendo à família Sanhudo (período da estruturação do zimbório), uma linhagem que deixou, com o passar das décadas, uma profusão de marcas históricas. Inclusive , as suas armas heráldicas estão no Livro Antigo dos Reis de Armas, sendo um leão o seu timbre. Com um detalhado estudo heráldico, é possível confirmar o seu valor histórico-nobiliário. Por volta do ano de 1400, o templo foi emprestado à Ordem Terceira de São Francisco. Em 1529, o padre Luís Franco (?-1599) mandou construir a nave e executou uma remodelação, às suas expensas, no restante do traçado. Esse sacerdote, aquando do seu falecimento, foi sepultado junto ao altar, como consta da seguinte dísti

Igreja da Misericórdia

  No dia 30 de dezembro de 2020, nesta minha coluna semanal, dei os parabéns ao provedor, a toda a Mesa Administrativa, à Assembleia Geral e ao Conselho Fiscal da Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos, pelo seu excelente trabalho na salvaguarda da história dessa instituição, devido ao rigor no restabelecimento, e publicação, dos seus documentos mais importantes. Desta feita volto a parabeniza-los, porém, agora devido ao término da recuperação da sua Igreja, inteiramente renovada com apoio do Fundo Rainha Dona Leonor (criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pela União das Misericórdias Portuguesas “para apoiar os valores e as atividades das Misericórdias de todo o País, no princípio da autonomia cooperante”). As obras abrangeram um procedimento estrutural no telhado; numa das paredes transversais; no restauro do “cadeiral em madeira policromada e dourada, com espaldar e resguardo frontal”; numa parcela dos “azulejos policromos estilo “padrão”, do século XVII”; na

Apontamentos Políticos

  A s eleições no PS/Caldas ficaram marcadas pela vitória da lista que apresentou propostas concretas e não andou “de porta em porta” a difamar os adversários. Agora, vem a parte prática: colocar a casa em ordem, trabalhar (desde já, espero que “não se esqueçam”) para organizar a campanha das próximas Autárquicas e para aumentar o número de militantes. Há alguns nomes fortes para possíveis candidatos à presidência da Câmara, à liderança da Assembleia Municipal e às duas freguesias urbanas, porém, para levar a bom caminho as pretensões de todos os socialistas é necessário que os novos dirigentes assumam a força do partido a nível nacional e mostrem aos caldenses que o PS/Caldas é a grande opção para 2025. Já o PSD exibe um apagamento curioso. Não compreendo o motivo que leva essa força política a não exercer a sua oposição no atual mandato. Será que está a usar o velho truque do “deixar esticar a corda”? Este silêncio será uma artimanha para permitir que o atual executivo “se espa

Arte musical do Ocidente – O Pós-Romantismo

  Determinar qual o espólio do Romantismo é empreitada tão intrincada quanto ordenar a proveniência do próprio movimento. Porém, existiu uma passagem de testemunho, o chamado Pós-Romantismo, que está alicerçada em quatro sustentáculos: o Neoclassicismo, o Impressionismo, o Expressionismo, o Nacionalismo, o Verismo (este sob manifesta ascendência do Positivismo de Auguste Comte (1798-1857)), que podemos considerar uma possível herdeira. Nessa “nova escola”, percebe-se a existência de obsoletas leis tonais, ou seja, música para agradar ouvidos, sem inovação nos acordes ou nos ritmos. Com isso, a maioria das composições sobrevindas não se tornaram opção palpável para o engrandecimento da música. Salas de concerto a abarrotar de público não eram o reflexo seguro da evolução do idioma tonal. Podemos até dizer que a música desprezou a presunção e ganhou simplicidade, reunindo uma oposição estética que avançou por uma retórica menos egocêntrica e mais racional, mas é pouco. Abaixo os co

Arte musical do Ocidente - O Romantismo

  Entre os anos de 1810 e 1900, com o apogeu - em quantidade e diversidade de instrumentos - da Orquestra Sinfónica, vigora o período que ficou conhecido como Romântico . Ocorre o rompimento com o Classicismo ditado pelo pensamento dos compositores na liberdade da forma, com uma maior manifestação das sensações emocionais, outorgando um realce ímpar à harmonia. Destacando-se, também, dessa fase, a inquietação com a necessidade em solidificar o que enaltecesse os mitos históricos de cada país, salientando-se composições quase sempre inspiradas em folclore nacional. O planeta passa a ouvir o eco das produções de diversas deidades, entre elas: Bedrich Smetana (1824-1884), Gustav Mahler (1860-1911), Richard Strauss (1864-1949), Félix Mendelssohn (1809-1847), Carl von Weber (1786-1826), Franz Schubert (1797-1828), Franz Liszt (1811-1886), Frédéric Chopin (1810-1849), Robert Schumann (1810-1856), Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893), Johannes Brahms (1833-1897), Gioacchino Rossini (1792-

Arte musical do Ocidente – O Classicismo

  O século XVIII foi extremamente inovador em termos musicais. Em meados dessa centúria, Franz Joseph Haydn (1732-1809) ao utilizar figuras mais moderadas de expressão; Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788) ao purificar a harmonia no estilo de composição; Christoph Willibald von Gluck (1714-1787) ao imputar a primazia da música instrumental sobre os improvisos vocais da ópera napolitana; Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) ao redefinir a sinfonia e modificar a música de câmara; Ludwig van Beethoven (1770-1827) ao ampliar a linguagem e o conteúdo musical (impulsionando o início da autonomia da forma, dando mais expressão às emoções e mais realce à consonância harmónica), entre outros, ditaram a transmutação do Barroco para o Classicismo. Porém, creio que, a grande mola propulsora para essa mutação, foi o surgimento do Iluminismo - com os seus ideais humanos e racionais – que influenciou o desenvolvimento do pensamento insubmisso na mente dos compositores da época. Este novo períod

Arte musical do Ocidente

    Refletindo um pouco acerca da música que enlevou algumas regiões do nosso planeta em tempos idos, vêm-me à memória diversos e inauditos temas, entre eles os do período medieval e renascentista, aquando do surgimento da monodia, no século VII. Embora sejam conhecidos, pelos investigadores mais abalizados, determinados cantos eclesiásticos, com melodias simples, criadas nos séculos III e IV e alicerçados nos recitativos da liturgia das primas gerações de cristãos (uma cantilação dos Salmos), que medraram através de distintas liturgias galicianas, moçarábicas, aquilenenses, beneventanas, ambrosianas e romanas, foi devido ao entrelaçamento do epinício romano antigo com a ária galiciana que surge o canto gregoriano, fixado por São Gregório Magno (540-604) numa coletânea de peças publicadas em dois livros, o Antifonário (somatório de melodias concernentes às Horas Canónicas) e o Gradual Romano (retendo os cantos da Santa Missa). Foi, também, esse antigo Papa que deu início à Schola C

Para que serve a Cultura?

Recentemente desfrutámos da excelente notícia da criação da Biblioteca António Lobo Antunes, na freguesia de Benfica, em Lisboa, a ser instalada no antigo edifício da Fábrica Simões (Simões & Cª Lda., 1907-1987). Depois da recuperação do imóvel, abandonado por mais de trinta anos, o seu destino só poderia ser o cultural, desejo antigo dos moradores de uma freguesia que conta com, aproximadamente, 37 mil pessoas, e possui, também, dois outros importantes espaços, o restaurado Palácio Baldaya (com uma excelente biblioteca) e o Auditório Carlos Paredes. Esse novo polo deverá ser inaugurado no ano de 2024, com a totalidade do espólio literário doado pelo citado autor à cidade de Lisboa, ocupando dois pisos, numa área total de 1.850m2, além de ser dotado de um recinto multiusos com uma galeria de arte e, ainda, o “Espaço António Lobo Antunes”, no conjunto, será uma estrutura que dignificará o nome de um dos melhores escritores europeus e valorizará, ainda mais, a Capital de Portugal

Salutar comparação

  Quando leio determinados jornais da região Oeste, deparo-me com um rol de informações, fornecidas pelas Câmaras Municipais, que são capazes de convencer, apenas, os mais distraídos. A maioria dessas comunicações está no patamar do “prometemos fazer”, o que causa grande expectativa a toda a comunidade. Depois, como não há cobranças, como nenhum leitor se importa com o que vem a seguir, essas “novidades” caem no esquecimento, não saindo sequer do papel. Dentro de um órgão autárquico, o mesmo já não deveria acontecer. Todas as Propostas apresentadas em Assembleia, tanto de Freguesia quanto Municipal, deveriam ser executadas depois de aprovadas, pelo bem dos munícipes. Infelizmente não é o que se vê. Como exemplo acerca do que estou aqui a explanar, refiro que uma das minhas Propostas, apresentadas na União de Freguesias de Caldas da Rainha – N. S. do Pópulo, Coto e São Gregório, no ano de 2018, abordava a possibilidade de que o Parque D. Carlos I tivesse o estatuto comparado ao de