As próximas eleições
autárquicas ainda estão a alguma (pouca) distância, porém, o cenário que se
coloca diante de todos é o da necessidade de novos protagonistas na Câmara
Municipal das Caldas da Rainha, pois os atuais não demonstram estofo (trabalho
feito) suficiente que lhes permita uma continuação. Basta atentar ao programa,
por eles apresentado em 2021, para verificar que nada do que ali está foi, de
facto, realizado. A lengalenga que se ouve é focada apenas no anúncio da
possibilidade de realização de “grandes eventos” (a montanha continua a parir
ratos), porém o que se efetiva não passa de insípido entretenimento. Para as
virgens que estão ofendidas neste momento, só me apetece dizer: a mínima parte
da população que está satisfeita é porque ganha algo com a atual autarquia ou
porque as suas balizas são muito estreitas.
Não há estruturação nem
investimento sério na Cultura, na Educação, etc. Qual o motivo para esse
descaso? A resposta é simples: são aplicações que não trazem grande visibilidade
política. A “batucada” e o aparato apresentam resultados mais ruidosos e
imediatos, porém, tomando o pulso dos eleitores percebemos que a larga maioria
está atenta, e como se sentiu enganada em 2021, regressará ao voto nos seus
partidos de origem, em 2025.
Caldas da Rainha (quiçá o país)
só poderá conquistar espaço económico e social se o modelo de administração
camarário for alterado, sendo implantada uma gestão nórdica na Câmara
Municipal. Infelizmente, os moldes vigentes são muito confortáveis para grande
parte dos políticos, pois podem gerir o bem público sem prestarem contas a
ninguém.
Esse exemplo nórdico (em vigor
na Dinamarca, na Islândia, na Suécia, na Finlândia e na Noruega) concebe uma
política que desenvolve o bem-estar social, amplia a autonomia individual e
impulsiona a mobilidade civil. Basta verificar a posição dos países citados,
no Índice de Desenvolvimento Humano ajustado à desigualdade e no Índice Global
da Paz, para constatar o que acabo de referir. Vamos, igualmente, encontrá-los
(os cinco) na lista das dez mais importantes nações no Relatório Mundial da
Felicidade.
Esses Estados possuem um
serviço público de altíssima qualidade (saúde e educação totalmente financiadas
pelos impostos), programas de previdência e aposentadoria de elevada distinção,
níveis mínimos de corrupção, total respeito aos direitos dos trabalhadores,
etc. No plano regional, como as máquinas estão mais “enxutas”, o principal
empregador não é a Câmara Municipal. Cada político sabe que é obrigado a prestar
contas de todas as suas ações, não existindo campo para “verbas mal
explicadas”, para ajustes diretos ou para compadrios nas contratações de
serviços para entretenimentos locais e – importante - não há conflitos, nem
jogos de interesse, entre o público e o privado.
É relevante frisar que nos
países nórdicos, o Estado não consegue transtornar a vida de quem quer
trabalhar, pois não cria burocracias, nem insegurança jurídica e social. As
Câmaras Municipais também não possuem meios para prejudicar os eleitores (o meu
querido leitor que experimente escrever, ou falar, “contra” o executivo
camarário, defendendo os direitos da população, e vai entender o que aqui
escrevo), sendo “pressionadas” a não ser uma pedra no sapato de cada um.
Creio que, para Caldas da
Rainha (e para Portugal), o modelo mais confiável de governação será o do
Socialismo Social-democrata, como o praticado nesses países nórdicos. Deveria
existir, portanto, um partido político que defendesse essa posição ideológica,
colocando em prática o melhor desses dois mundos. Utopicamente: quem sabe, por
alguns anos, esse novo partido pudesse manter-se imaculado, tendo tempo para
alterar os paradigmas socioeconómicos de um concelho (e de um país) que se quer
grande.
O eleitor, de um modo geral,
também deveria aumentar a sua preocupação e o seu conhecimento acerca da
política, pois, como referiu Platão (428-348 a. C.): “O preço que os homens
bons pagam pela indiferença aos assuntos públicos, é o de serem governados por
homens maus”.
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