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A Cultura e a Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos

 


Deixo, nesta minha coluna semanal, toda a minha satisfação por saber da publicação de mais um livro importante para a salvaguarda da história da instituição em epígrafe: O seu 11º volume de Atas.

Num atento trabalho de recolha e editoração, encontra-se agora à disposição do público em geral esse valioso documento que muito, com certeza, honrará as gentes obidenses.

O historiador Ricardo Pereira, o provedor Carlos Orlando de Castro e Sousa Rodrigues, bem como toda a Mesa administrativa, Assembleia Geral e Conselho Fiscal, num esforço admirável, estão a trazer a lume uma riqueza ímpar, através do desenvolvimento de um projeto cultural, estabelecido na raiz mais profunda de uma Instituição, ou região. Sendo que, ao mesmo tempo, apenas deste modo pode ficar na memória coletiva de um país.

Se destacarmos somente este 11º volume, reparamos que o que ali está mais em evidência é a saúde financeira da Santa Casa, que vai de uma preocupação natural (devido à debilidade estampada na documentação), até ao momento de mais tranquilidade, onde os cofres começaram a equilibrar-se. 

Se atentarmos ao todo, ou seja, aos volumes até aqui publicados, percebemos que não é apenas o respeito pela história da Instituição que está em relevo, mas também os instrumentos, tão necessários aos investigadores do presente e do futuro, para que a biografia da Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos vá sendo escrita de modo genuíno. O que, na sequência, pode significar um passo muito importante para se contar a história do surgimento e evolução da própria localidade.

Logicamente, todos os documentos originais da Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos devem continuar a ser acautelados e mantidos em perfeitas condições de preservação, pois, são a fonte viva de informação, de décadas de muito empenho e trabalho, de todos aqueles que estiveram envolvidos, de algum modo, com aquela Casa.

Curiosamente, há semanas, sem que tivesse ainda notícia do aparecimento dessa nova publicação, tive oportunidade de conversar com um grande obidense acerca dessa Instituição, e da sua relevância além-fronteiras concelhias. Nessa interlocução cheguei a comentar sobre o excelente programa da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: “Plano de Gerenciamento de Riscos – Salvaguarda e Emergência”, cuja finalidade é a de conservar e proteger o seu imenso e relevante acervo, incrementando ações de “conservação, restauração, digitalização e microfilmagem”. O modo como esse projeto vem sendo executado leva-me a crer que poderia ser introduzido na própria Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos, para que se possa manter e preservar todos os seus bens culturais de forma permanente e segura. Tal programa, inclusive, para minha real satisfação, abrange, também, todo o restante património, tanto o pictórico, o escultórico, o fotográfico, o edificado, etc.. O que me deixa com a certeza de que, através da União Europeia e dos seus gatilhos de financiamento cultural, é possível adotar um programa idêntico.

Todas as ações que surgem, em Instituições como essa da Vila de Óbidos, que sejam dirigidas à segurança, e à preservação do acervo (bem como do património edificado), espontaneamente elevam, ainda mais, o nome das localidades onde estão inseridas, deixando uma marca para o futuro, muito mais valiosa do que ações festivaleiras, de simples caça ao voto.

Os concelhos evidenciam-se pelas suas riquezas culturais.

Um bem-haja a toda a estrutura da Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos.

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