Uma renovada conceção de pensamento,
sobrevinda do Iluminismo, aliada às manifestas ligações artísticas ao Barroco e
ao Rococó marcam profundamente o século XVIII (1701-1800) na Europa. Podendo,
esse, ser retratado, inclusive, como um período possuidor de uma aristocracia
inútil, que levava uma vida excessivamente sumptuosa e fútil.
No que trata à moda, aquela época, mais
precisamente até 1780, vinha mantendo a tradição de produzir tecidos e roupas
através de meios artesanais.
Foi nesse mesmo século XVIII que a
França passou a ditar a moda europeia. O excesso de pó de arroz, de muitos
brilhos, de perfumes e de perucas cacheadas tornaram-se símbolos a serem
respeitados e imitados por aristocratas de outros países, e apenas por
aristocratas, por que o comum dos humanos não possuía possibilidades
financeiras para se “emperiquitar”.
Curiosamente, apesar de todo o luxo, os
nobres franceses não tomavam banho, logo, os perfumes passaram a ser
importantes na higiene diária, colocados em pequenos retângulos de linho e
servindo para lavar as áreas mais “preocupantes”. Eram aplicados também no
rosto das senhoras, pois avivavam a pele (que com o passar dos anos exibia
delicadas marcas de envelhecimento), sendo também utilizados como desinfetantes
e purificadores.
Em 1709, quando o perfume atingiu um
estatuto social altíssimo, Nicolas Lemery (1645-1715) sugeriu três categorias,
logo adotadas, para demarcá-los por qualidade: parfum royal, parfum pour les
bourgeois e parfum des pauvres.
Em 1712, Thomas Newcomen (1663-1729)
instala um engenho para escoar a água que se acumulava nas minas de carvão em
Staffordshire, na Grã-Bretanha. A novidade está, em ser este aparelho o
primeiro acionado a vapor e, graças a ele, sessenta e oito anos depois, o mundo
vir a passar por uma grande transformação manufatora.
Em 1740, os nobres consideram o banho
como uma prioridade, ora como passatempo, ora como moda, ora como exercício
terapêutico, dedicando a ele um espaço luxuosamente ornamentado dentro das suas
residências: a casa de banho. Os pobres continuavam sem banho e a fazer as suas
necessidades em buracos no quintal das casas.
A partir de 1765 uma série de
acontecimentos vai impulsionar a moda: nesse mesmo ano, James Watt (1736-1819)
produz um condensador que vem, no ano de 1774, a ser o responsável
pelo surgimento da máquina a vapor. Em 1769, Richard Arkwright (1732-1792)
inventa a máquina de fiar e Nicolas Cugnot (1725-1804) o veículo rodoviário a
vapor.
A partir de
1774, Maria Antónia
Josefa Joana de Habsburgo-Lorena, ou simplesmente, Maria Antonieta (1755-1793),
chega ao poder em França e com ela surgem várias mudanças no comportamento dos
nobres franceses. Foi graças a esta senhora que desponta a primeira criadora,
ou costureira, de renome: Rose Bertin (1747-1813), a responsável pela transição
do conceito modista para fashion designer.
Foi Rose Bertin a criadora dos bem acabados
vestidos amplos, volumosos e pregueados que encantaram a Europa, bem como os
corpetes folgados, os panniers (cestos
ou aros laterais) e as farthingales
(argolas) na armação das saias, os penteados muito altos e espampanantes,
cobertos de elementos decorativos e com soberbos enchimentos, a maquilhagem
empoada, os chapéus enormes – infelizmente – cheios de plumas de animais
nobres.
No já anunciado ano de 1780, o
somatório de transformações tecnológicas traz um violento impacto no processo
da produção, ocorrendo com isso uma mudança económica e social de vulto em
muitos setores da sociedade europeia. Foi exatamente nesse momento que a Era da
Agricultura foi ultrapassada, fazendo com que o surgimento da máquina
substituísse o trabalho humano, alterando de imediato a relação
capital/trabalho, estreitando as relações entre diversos países e dando mote à
conhecida cultura de massa. O ponto negativo dessas transformações foi o
surgimento do capitalismo, que levou o ser humano a mudar os seus valores
morais, deteriorando-os.
Em 1790 a Europa assiste, em
deslumbramento, ao grito de Liberdade, Igualdade e Fraternidade saído das vozes
que nortearam a Revolução Francesa, e com ela, surge um novo sentido de vida e,
naturalmente, de moda.
Em 1814, George Stephenson (1781-1848)
revoluciona os transportes com a invenção da locomotiva a vapor, e com isso
torna a Revolução Industrial uma certeza.
Comentários
Enviar um comentário