Existem
amigos que, quando partem para os confins do Desconhecido, nos deixam uma
lacuna na alma, difícil de preencher. Foi o caso do Faria de Abreu.
O
primeiro contacto que tive com ele foi em Coimbra, no ano de 2001, quando fui
obrigado a levar o meu pai, em consulta oftalmológica, de urgência. Após aquele
dia, travamos uma salutar amizade, com vários telefonemas em diversos períodos
nos anos que se seguiram, e até inúmeras visitas aquando das minhas várias
passagens pela Terra dos Estudantes.
Os
colegas diziam que ele era o melhor oftalmologista de Portugal, a Universidade de Coimbra tecia-lhe
elogios e louvores, os pacientes – o meu pai incluído – diziam que ele era um
médico respeitador e dedicado. Eu digo, simplesmente, que ele era uma figura
humana sensível, logo, alguém que compreendia o valor da amizade.
José
Rui Faria de Abreu faleceu na manhã do dia 27 de novembro de 2012 no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,
aos 67 anos de idade, sendo sepultado no dia seguinte, pelas 15 horas, na
Figueira da Foz, sete meses volvidos e só hoje consigo escrever algumas linhas
a seu respeito. A dificuldade prendeu-se apenas com o facto do pensamento se
desviar do assunto propositadamente, pois a mente não aceita o ocorrido, não
admite a ausência, não quer imaginar que Coimbra está hoje muito, mas muito, mais
pobre.
Faria
de Abreu nasceu em Lisboa, a 10 de julho de 1945. Licenciou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, doutorando-se
em Oftalmologia na área de Retinopatia Diabética (tema da sua tese de
doutoramento). Seguiu-se a assistência na própria faculdade, sendo depois
Investigador do Instituto Biomédico de
Investigação de Luz e Imagem – Ibili – Universidade de Coimbra, exercendo
trabalho diário no consultório particular, na Clínica Santa Madalena, no
Hospital da Universidade de Coimbra, chegando aqui a ser Chefe do Serviço de
Oftalmologia. Foi, também, um autor renomado, com uma série de publicações na
sua especialidade, todas elas listadas e arquivadas pela Biblioteca Nacional de
Portugal.
Uma
maleita cardíaca tirou-o do nosso convívio, deixando a todos que o conheciam
bem o tal vazio difícil de preencher. Sua esposa (Sra. D. Dirce Moreno) e os seus
dois filhos (Eduardo Luís e Luís Pedro) têm mais razões para reclamar a perda,
porém, eu tenho a razão da amizade, do ser que compreendia o escritor, por ter
sido também um, do estudioso que entendia o valor da investigação literária que
desenvolvo há tantos anos, por ter sido também um investigador profundo e
cuidadoso.
Hoje
reuni forças para homenageá-lo. Mais não faço. Amanhã será um outro dia…
Comentários
Enviar um comentário