Avançar para o conteúdo principal

O JARDIM DO JACARANDÁ-MIMOSO




Caldas da Rainha possui enormes deficiências relacionadas com o urbanismo e a arquitetura, graças a mal-amanhados projetos, que prejudicaram grandemente a personalidade do concelho.

Nas últimas eleições autárquicas apresentei uma série de temas a desenvolver, caso fosse o vencedor das mesmas, um desses assuntos seria a criação do Jardim do Jacarandá-Mimoso na zona envolvente do Chafariz das Cinco Bicas (eliminando o estacionamento), ordenando o local com árvores daquela espécie e acrescentando bancos criativos de jardim, elaborados por estudantes da ESAD (Escola Superior de Artes e Design).

Com a formação desse Jardim, naturalmente, criaríamos uma ligação entre a Mata Rainha D. Leonor, o Chafariz das Cinco Bicas, a obra escultórica de Ferreira da Silva e a população, além de darmos algum conforto ao aquífero existente naquele subsolo.

O Jacarandá-mimoso é uma árvore ornamental, rústica, de crescimento rápido e as suas raízes não são agressivas, o que seria perfeito para aquela área.

Se nos lembrarmos do Parque Eduardo VII, do Largo do Carmo, do Príncipe Real, das Avenidas 5 de outubro e D. Carlos I e do Campo Pequeno, todos em Lisboa, com certeza teremos em mente a beleza paisagística daqueles locais, graças à exuberância dos Jacarandás-Mimosos ali plantados. Ficam-nos, na memória, os meses de abril, maio e junho, quando a força da sua floração nos faz admirá-los. Para nós que adoramos cidades pensadas para as pessoas, quase transformamos essa época do ano num estranho ritual, seguindo por diversos pontos da Capital portuguesa, em busca do primeiro Jacarandá a florir.

O nome dessa árvore leva-nos longe, pois a sua origem é tupi-guarani. O seu exotismo sul-americano foi cobiçado e trazido por Félix de Avelar Brotero (1744-1828), enquanto diretor do Jardim Botânico da Ajuda (1811-1828), no início do século XIX. Atualmente, a zona envolvente do Chafariz das Cinco Bicas é das mais feias do concelho (descaracterizado e disforme em demasia, devido a políticas pouco claras de urbanismo, como já referi) e urbanizá-la coerente e convenientemente seria um avanço importante na regularização climática, nos benefícios ecológicos, no ordenamento do território quanto ao valor estético, na melhoria da qualidade do ar, no aproveitamento do escoamento das águas das chuvas e, claro, na qualidade de vida dos cidadãos que poderiam usufruir daquele espaço verde.

Creio que é possível fazer um acordo entre as partes (União de Freguesias de Caldas da Rainha – N. S. do Pópulo, Coto e São Gregório, Administração do CHON – Centro Hospitalar das Caldas da Rainha e Câmara Municipal) para dar alguma decência àquela horrível e descaracterizada região.

Neste momento, este artigo não é apenas a manifestação de um anseio, mas sim, uma proposta formal a apresentar aos órgãos autárquicos. Um Programa Político não pode ficar apenas pelas ideias, temos que descer à terra e tentar executá-lo. Se o Poder Instalado considerar importante a minha atuação e as minhas propostas, quem ganha com isso são as pessoas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um jardim para Carolina

Revolucionária e doce. O que mais posso dizer de ti, minha querida Carolina? Creio que poucos extravasaram tão bem, tão literariamente, tão poeticamente, as suas apoquentações políticas. Vivias num estado febricitante de transbordamento emocional, que o digam os teus textos – aflitos – sobre as questões sociais ou, no mais puro dos devaneios sentimentais, as tuas observações sobre a música que te apaixonava. O teu perene estado de busca pelo – quase – inalcançável, fazia-nos compreender como pode ser importante a fortaleza de uma alma que não se verga a modismos ou a chamamentos fúteis vindos de seres pequenos. E por falar em alma, a tua era maior do que o teu corpo, por isso vivias a plenitude da insatisfação contínua. Esse espírito, um bom daemon , um excelente génio, que para os antigos gregos nada mais era do que a Eudaimonia , que tanto os carregava de felicidade, permitindo-lhes viver em harmonia com a natureza. Lembro-me de uma conversa ligeira, onde alinhava

Obrigado!

  Depois de, aproximadamente, seis anos de colaboração com o Jornal das Caldas, chegou o momento de uma mudança. Um autor que não se movimenta acaba por cair em lugares-comuns. O que não é bom para a saúde literária da própria criação. Repentinamente, após um telefonema recebido, vi-me impelido a aceitar um dos convites que tenho arrecadado ao longo do meu percurso. Em busca do melhor, o ser humano não pode, nem deve, estagnar. Avante, pois para a frente é o caminho, como se costuma dizer, já de modo tão gasto. Sim, estou de saída. Deixo para trás uma equipa de bons profissionais. Agradeço, a cada um, pelos anos de convívio e camaradagem. Os meus leitores não deverão sentir falta. Mas se por acaso isso vier a acontecer, brevemente, através das minhas redes sociais, saberão em que folha jornalística estarei. Por enquanto reservo-me à discrição, pois há detalhes que ainda estão a ser ultimados. A responsabilidade de quem escreve num jornal é enorme, especialmente quando se pr

O Declínio das Fábulas - I

  Em poucos dias, o primeiro volume do meu novo livro “O Declínio das Fábulas” chegará a todas as livrarias portuguesas. Esse tomo reúne uma série de temas que reverberam o meu pensamento nas áreas da cultura, da arquitetura, da mobilidade, etc. para uma cidade como Caldas da Rainha. O prefácio é de autoria da jornalista Joana Cavaco que, com uma sensibilidade impressionante, timbra, assim, o que tem constituído o trabalho deste que vos escreve. Nele, há trechos que me comoveram francamente. Outros são mais técnicos, contudo exteriorizam um imenso conhecimento daquilo que venho produzindo, por exemplo: “É essa mesma cidade ideal a que, pelo seu prolífico trabalho, tem procurado erguer, nos vários locais por onde tem passado, seja a nível cultural ou político. Autor de extensa obra, que inclui mais de sessenta livros (a maior parte por publicar) e um sem fim de artigos publicados em jornais portugueses e brasileiros, revistas de institutos científicos e centros de estudos, entre o