O Bairro da Ponte, em pouco
tempo, vê desaparecer duas pessoas queridas na região. Ambas, num momento
psicológico menos bom, puseram termo à vida. Imputo a culpa de tal ato funesto
à falta de atenção da “União de Freguesias de Caldas da Rainha – Santo Onofre e
Serra do Bouro” para com os seus moradores em situação mais frágil.
É obrigação desse órgão
autárquico a observação, porta-a-porta, de quem são os seus fregueses e do que
necessitam. Um cuidado aos grupos de risco - que incluem as perturbações
mentais e/ou psicológicas (depressão, esquizofrenia, perturbação bipolar,
utilização de estupefacientes, álcool ou antidepressivos), as dificuldades
económicas e os maus tratos familiares - é o primeiro passo para evitar o ato
desesperado do suicídio. As medidas de prevenção devem partir dos meios legais
ao dispor da população, entre eles, claro, o acompanhamento médico, mas, este
pode não ser o suficiente, e é exatamente nesse momento que as Juntas de
Freguesia deveriam entrar em ação, com uma vigilância consciente e assertiva. O
que não ocorre, infelizmente, em relação à “União de Freguesias de Caldas da
Rainha – Santo Onofre e Serra do Bouro”, adepta do “deixa andar” em muitas
questões, especialmente no que trata ao apoio efetivo a quem mais necessita de
auxílio (social e psicológico). Uma Junta que deveria ser extinta, pois, nada
acrescenta à região onde está inserida. Sendo, inclusive, um sorvedouro de
dinheiro público! Ou seja, a população, que é mal servida, é que paga (caro) por
ela.
Não faz sentido existirem duas
Juntas de Freguesia no território urbano das Caldas da Rainha.
Os dois casos citados acima são,
provavelmente, reflexo de um Transtorno de Ansiedade (TOC - Transtorno
Obsessivo Compulsivo; Ataque de Pânico ou Transtorno de Ansiedade Generalizada),
pois, as pessoas em questão não eram portadoras de nenhum quesito relacionado a
outro grupo de risco.
O silêncio era o seu refúgio,
e, já se sabe, quando isso ocorre, somente com muita atenção (é aqui que entra o
apoio que a Junta de Freguesia pode dar) se consegue descobrir o que lhes vai
na alma e na mente. Clinicamente, o despiste poderia ter sido efetuado através
da Escala de Depressão de Beck, que consta de um “questionário de autorrelato
com 21 itens de múltipla escolha” Atualmente a Escala mais indicada é a BDI-II.
O suicídio, em Portugal, é
maior, nos homens, na faixa etária acima dos 50 anos, reflexo de abandono
social e cultural, segundo a Sociedade Portuguesa de Suicidologia (SPS),
instituição criada em dezembro de 2000, com sede na Liga dos Amigos dos
Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC). A prevenção não pode estar somente
sob responsabilidade da classe médica, devendo abranger todos os outros
profissionais de saúde, de segurança pública e, evidentemente, os órgãos autárquicos,
com incidência maior nas Juntas de Freguesia, devido à proximidade destas para
com a população em geral.
As duas vítimas mencionadas, se
tivessem acompanhamento preventivo e cuidadosa intervenção em momentos de
crise, com certeza, não teriam sido levadas ao ato em si. Encaro aquele trágico
desfecho como um pedido de socorro, um silencioso pedido de socorro que, em
semanas, meses ou anos, ninguém ouviu, não porque não se escutou o clamor
daquelas vozes, mas, sim, pelo facto de jamais terem sido alvo de atenção.
A “União de Freguesias de
Caldas da Rainha – Santo Onofre e Serra do Bouro”, naqueles casos específicos,
deveria ser o elo de ligação entre a população e o Centro Hospitalar do Oeste, e
não o foi. O resultado está à vista de todos!
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