Todos os dias, no intervalo da manhã, entre a escrita de um artigo para um jornal ou um trecho do capítulo do novo livro, coloco os pés na rua e faço uma pausa consoladora. Geralmente dou uma caminhada de trinta minutos, mas também posso sentar-me numa esplanada, conversar com um amigo que acabo de encontrar, ler um pouco ou, simplesmente, auscultar o entorno, tentando perceber os achaques das personagens que povoam certas regiões da cidade onde estou no momento. Sim, sintam-se observados. Há diferenças gritantes, no que toca ao assunto que cada tipo de pessoa, que frequenta aqueles recintos, aborda. Se estivermos em Londres podemos ouvir encómios à nova obra pictórica, escultórica, etc., adquirida pelo Museu Britânico, se o caso se der na capital da Áustria, inevitavelmente seremos abençoados com detalhes da recente estreia na Ópera Estatal de Viena, se for em Lisboa ou no Porto ouvimos os mais diversos assuntos, se as bocas que os proferem forem estrangeiras, porém, se fore...
Ator, encenador, professor de Arte Dramática, escritor e jornalista.