Neste 2021, Caldas da Rainha
assistiu ao afundanço do Partido Socialista local. Os motivos que deram origem
ao descalabro são inúmeros, passo a citar apenas quatro: Uma liderança que se
preocupa apenas consigo, com o seu futuro na política e com as grandes
possibilidades que podem surgir para ascender social e financeiramente; Um
desinteresse cabal pelo concelho e pelas pessoas aqui residentes; Uma completa
falta de visão política; Um desprezo absoluto pela militância (a mesma só é
acarinhada quando os jogos de manipulação interna são fundamentais).
Caldas da Rainha merecia uma
Oposição séria e desinteressada. O PS/Caldas era o Partido que estava melhor
posicionado, porém, deixou de o ser quando as lideranças passaram a olhar
apenas para o próprio umbigo. Essas chefias lembram-me os girondinos franceses (a
média e a alta burguesia, interessada apenas em reformas políticas pouco
profundas na sociedade, e investimentos enormes em questões que favoreciam
grandemente os seus interesses sociais e financeiros), lembra-me também um par
de países que proclamam a democracia como a salvação das suas pátrias, porém,
não a praticam, pois isso poderia permitir que o poder passasse para outras
mãos.
É urgente a demissão dos atuais
órgãos concelhios do Partido Socialista das Caldas da Rainha.
A Democracia não é praticada
dentro do PS/Caldas. O que se vê é a truculência das ações (cito o exemplo da
absurda expulsão de um jornalista local, aquando das eleições internas,
ocorridas em janeiro de 2020, atirado, literalmente, para o passeio diante da
porta da sede. O que os atuais líderes pretendiam esconder?); As reuniões
secretas entre os dirigentes, para tomar decisões importantes, tais como a
escolha de cabeças-de-lista para as Autárquicas; O absurdo afastamento dos
militantes históricos; O avançar, interno, de ideais de Extrema-Direita (quando
o correto seria a manutenção, e valorização, do Socialismo Social-Democrata);
Etc..
A morte da Democracia no
Partido Socialista das Caldas da Rainha não é um fenómeno casual, foi pensada,
e vem sendo estruturada, para benefício de uma dúzia de pessoas.
As atuais lideranças do
PS/Caldas dividiram o Partido. O que se viu claramente nas recentes
Autárquicas. É notório que a maioria dos Socialistas ofereceu o seu voto ao
Movimento Vamos Mudar.
Para piorar, diversos
socialistas que estavam “de pedra e cal” com a atual liderança (defendendo-a, e
votando nela, nas eleições internas de janeiro de 2020) nestas Autárquicas
fizeram (ou tentaram fazer) parte das Listas do referido Movimento. O que prova
que esses Socialistas estão apenas interessados num lugar ao sol, independente
da cor política que carregam. Pessoas que jamais deveriam voltar a pisar na
sede do PS/Caldas.
O PS/Caldas deveria ser uma
força viva atuante, estando perto da população. Não foi o que vi entre 2017 e
2021. O que 99% dos eleitos fez, foi, apenas, “trabalho” de gabinete, “matando
baratas no canto da sala”, assim é impossível conhecer os reais problemas das
freguesias e do concelho de um modo geral.
A reconstrução democrática é
urgente dentro do PS/Caldas, porém, parece-me que o mesmo não irá acontecer num
curto (ou médio) espaço de tempo, pois os tentáculos do polvo estão muito bem
espalhados e envolvem a maioria dos militantes. Estes (os que são de facto
Socialistas, e pensam no seu concelho e na população) devem parar e refletir. É
necessário exigir a demissão dos atuais dirigentes (se os mesmos não o fizerem
de livre e espontânea vontade), recolher os cadáveres do naufrágio, enterrar os
corpos e tentar iniciar, com as tristes sobras da embarcação, um processo
interno político, que possa fazer com que o PS/Caldas consiga ser uma
possibilidade real em eleições autárquicas futuras.
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