Avançar para o conteúdo principal

Salutar comparação

 

Quando leio determinados jornais da região Oeste, deparo-me com um rol de informações, fornecidas pelas Câmaras Municipais, que são capazes de convencer, apenas, os mais distraídos. A maioria dessas comunicações está no patamar do “prometemos fazer”, o que causa grande expectativa a toda a comunidade. Depois, como não há cobranças, como nenhum leitor se importa com o que vem a seguir, essas “novidades” caem no esquecimento, não saindo sequer do papel.

Dentro de um órgão autárquico, o mesmo já não deveria acontecer. Todas as Propostas apresentadas em Assembleia, tanto de Freguesia quanto Municipal, deveriam ser executadas depois de aprovadas, pelo bem dos munícipes. Infelizmente não é o que se vê.

Como exemplo acerca do que estou aqui a explanar, refiro que uma das minhas Propostas, apresentadas na União de Freguesias de Caldas da Rainha – N. S. do Pópulo, Coto e São Gregório, no ano de 2018, abordava a possibilidade de que o Parque D. Carlos I tivesse o estatuto comparado ao de um Jardim Botânico, o que impediria a realização de quaisquer eventos que viessem a prejudicar a sua estrutura, valorizando-o enormemente. A resposta que ouvi foi curiosa: “Estamos a trabalhar nesse sentido. Inclusive, já está a ser providenciado um local que possa receber todos os eventos caldenses”. A classe política merece o prémio Pinóquio.

Um concelho que se quer grande deve investir na sua cultura e na sua educação. E, nesse sentido, ensinamentos vindos do exterior temos muitos.

Falemos, então, de similaridades: Aix-en-Provence, localizada na Provence-Alpes-Côte d’Azur, França, e terra natal do pintor Paul Cézanne (1839-1906) é, assim como Caldas da Rainha, uma região termal (Thermes Sextius), com um excelente mercado de rua de hortifrutigranjeiros, contudo, e aqui é que reside a grande diferença, possui um importante património; um muito valorizado centro turístico; uma área amplamente arborizada; uma programação cultural de excelência, com preços muito acessíveis em todos os âmbitos artísticos, especialmente os da música erudita, do teatro e da dança.

Aliado ao que menciono, acentuo ainda: uma excelente dotação em ciência e tecnologia; uma respeitável proteção ao meio ambiente; uma soberba conexão ferroviária com as mais diversas regiões do país; distintos benefícios facultados ao desporto (não só ao futebol); uma enorme contribuição na proteção aos inúmeros e bem cuidados parques e jardins (em nenhum deles se realizam eventos, de nenhuma natureza); um expressivo incentivo aos dissemelhantes museus existentes; um altíssimo investimento em turismo de qualidade (cultural e educativo), um considerável apoio à magnífica Biblioteca Méjanes (inaugurada em 1810); um polo universitário de excelência (Aix-en-Provence abriga a maior Universidade francesa, a Aix-Marseille Université, com mais de setenta mil alunos) onde sobressai a integração dos estudantes com a sociedade e vice-versa.

Podemos deslumbrar-nos, ainda, com os campos de girassóis e lavanda, de cortar a respiração; com o Festival de Arte Lírica; com o Mercado dos Agricultores; com as Feiras de Artesanato; com o Mercado de Natal; com o Festival Internacional de Jazz; com as concorridas Galerias de Arte; com o Planetário Peiresc, localizado nas imediações do formoso, bem cuidado e protegido Parque Saint-Mitre, etc.

No remate: a concretização efetiva, pelos órgãos autárquicos, de Propostas que venham a beneficiar um concelho traz proveitos para a população. Conquistar turismo de qualidade eleva as localidades e permite que a economia se movimente. A isso chamamos evolução, palavra pouco conhecida dos políticos caldenses. E, como diria o Marquês de Maricá (1773-1848): “O que se qualifica em alguns homens como firmeza de caráter não é ordinariamente senão emperramento de opinião, incapacidade de progresso, ou imutabilidade da ignorância”.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Constituição da República Portuguesa

  O Chega e a Iniciativa Liberal querem alterar a Constituição Portuguesa. A Constituição é o documento basilar de uma nação, designando os princípios da estrutura política, dos direitos do cidadão e dos limites dos poderes do Estado. Reformá-la sem um critério equilibrado, amplamente democrático e com consciência por parte de TODAS as forças políticas, pode ter consequências expressivas nos mais variados setores da sociedade, implicando com a organização dos órgãos de soberania (Governo, Presidência e Assembleia da República), prejudicando o relacionamento entre essas entidades e as suas jurisdições; pode lesar, igualmente, os Direitos dos cidadãos, tais como, a liberdade de expressão, o direito à vida, à propriedade, à saúde, à educação etc.; pode alterar o Regime Eleitoral, apartando a população do poder de voto nas eleições Legislativas, Autárquicas e Presidenciais; pode redefinir a disposição e o exercício do poder judicial, levando a um impacto na autonomia, e administração...

Praça da Fruta

  Este símbolo caldense, identificado em todo o país, esteve irreconhecível por muitas semanas devido, como se sabe, à pandemia que assola o nosso planeta. Neste momento, felizmente, os vendedores, que são o rosto daquela exuberância, ali estão, novamente, a expor e a vender os seus produtos. Passada a força da borrasca, venho colocar-me em sentido, para reiniciar uma discussão, por mim encetada no dia 1 de março de 2018, aquando da apresentação da minha Proposta “ Instalação de um Céu de vidro na Praça da República”, na reunião da Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Caldas da Rainha – N. S. do Pópulo, Coto e São Gregório. Ora bem. Sabendo que é o mercado diário, no antigo Rossio, atual Praça da República (a badalada Praça da Fruta) que mantém viva aquela identidade, podendo, assim, trazer um bom volume de turistas a esta região, insisto, novamente, com aquele tipo de instauração, dizendo: Esse histórico local possui um importante tabuleiro em pedra e uma crónic...

José Rui Faria de Abreu

  Existem amigos que, quando partem para os confins do Desconhecido, nos deixam uma lacuna na alma, difícil de preencher. Foi o caso do Faria de Abreu. O primeiro contacto que tive com ele foi em Coimbra, no ano de 2001, quando fui obrigado a levar o meu pai, em consulta oftalmológica, de urgência. Após aquele dia, travamos uma salutar amizade, com vários telefonemas em diversos períodos nos anos que se seguiram, e até inúmeras visitas aquando das minhas várias passagens pela Terra dos Estudantes. Os colegas diziam que ele era o melhor oftalmologista de Portugal, a Universidade de Coimbra tecia-lhe elogios e louvores, os pacientes – o meu pai incluído – diziam que ele era um médico respeitador e dedicado. Eu digo, simplesmente, que ele era uma figura humana sensível, logo, alguém que compreendia o valor da amizade. José Rui Faria de Abreu faleceu na manhã do dia 27 de novembro de 2012 no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra , aos 67 anos de idade,...