Caldenses: por motivos pessoais e
profissionais fui obrigado a afastar-me das Caldas da Rainha e, portanto, da Comissão Política do Bloco de Esquerda.
Neste momento, aproveito a gentileza da imprensa local para vir a público
agradecer a todos os militantes e simpatizantes desse partido político, por
todo o apoio de que fui alvo aquando das eleições autárquicas de 2009, bem
como, por todo o carinho popular recebido até hoje. Agradeço, também, aos
opositores políticos, principalmente pela forma polida e gentil com que sempre
me trataram, e respeitaram as minhas ideias que, evidentemente, foram, são e
serão sempre para benefício desse concelho, bem como de todos os seus cidadãos.
O Bloco
de Esquerda das Caldas da Rainha segue agora um novo rumo, de forma
organizada, com intensa actividade na região e com grande aproximação à
população local. A maneira, às vezes rigorosa e aguerrida, com que alguns bloquistas tomam a frente em
determinados assuntos, que, sem dúvida, são do interesse da população, é para
uma maior tentativa de afirmação política num concelho em que, devido ao baixo
esclarecimento político popular, as cores partidárias são as mesmas há mais de
vinte anos.
É necessário renovar, para transformar
Caldas da Rainha num concelho moderno e evoluído. Esta cidade tem passado por
situações muito delicadas, entre elas: o abandono do património arquitectónico,
o triste fado a que foi votada a indústria e o comércio, a letargia que domina
a educação e a cultura, e o claro desinteresse institucional e popular pela
salvaguarda da riqueza termal da região.
A juventude que se tem aproximado do Bloco de Esquerda nestes últimos meses
leva-me a acreditar que em menos de dez anos será possível mudar o rumo
político da região. Porém, continuo a afirmar que, se este partido, organizado
como está, juntar forças com outros partidos e movimentos de Esquerda, muito
antes desse tempo previsto, essa mudança poderá ocorrer. Para isso, é necessário
que toda essa Esquerda deixe de lado a arrogância e a altivez que a costuma
nortear e passe a pensar e a agir, em conjunto, para o todo.
Portugal está, política e socialmente,
falido, e a culpa tanto é da Direita quanto da Esquerda. Agora, é necessário
repensar, de modo mais honesto, a forma de gerir o país. Infelizmente não vejo,
a nível nacional, como isso possa acontecer, pois a vilania que toma conta da
mente das hostes governamentais, ao invés de trabalhar pela recuperação, está a
enterrar cada vez mais a nação.
Falando apenas no âmbito regional: nas
Caldas da Rainha, somente com o apoio ao comércio, à indústria, e ao termalismo
se pode sair da crise, evoluir, procurando reanimar os setores citados para
mexer com a economia local e, aí sim, gerar postos de trabalho. Sou apologista
do fortalecimento desses sectores no campo privado, indo, às vezes contra
algumas ideias cegas da Esquerda, que julga que quando o empresário, ou o
comerciante, está fortalecido, o trabalhador está enfraquecido. Esse é um
pensamento errado por parte dessa Esquerda obcecada. Essa Esquerda que deveria
unir forças para mudar o destino político do concelho.
Será utopia da minha parte querer ver a
Esquerda caldense a trabalhar para o mesmo objetivo? Será que a pequenez das
cabeças políticas da região não lhes permite fazer um exercício de humildade
para, juntos, optarem por um candidato apenas? A Esquerda caldense possui bons
nomes para se formar uma lista única. Será utopia da minha parte querer isso?
Não creio. O que está em jogo é a vaidade e a inveja humana, e nisso o
português é o primeiro do mundo. Mas, com isso, não vai a lugar nenhum. Como se
tem visto.
A nível nacional, acredito numa nova
forma de pensar a política, com outros valores, sem objetivos escusos, sem ganância,
sem jogos de interesse. Somente uma transformação radical poderá fazer deste
país uma grande nação. Somente uma mudança, de fundo, iniciada em cada pequena
aldeia, vila e cidade, poderá fazer com que o país volte ao caminho da riqueza
e da prosperidade. É necessário reorganizar os concelhos (em alguns casos
juntar dois ou três na mesma Câmara), é urgente que se elimine as “gorduras”
que, de facto, geram crise e desemprego, entre elas, sem dúvida, executar o
corte radical nos subsídios, e vários outros benefícios dos que estão no poder,
é urgente que se “enxugue a máquina governamental”, eliminando cargos de
assessoria que não servem para nada, que se acabe com a frota automobilística
caríssima que transporta os senhores deputados, ministros, presidente da
República, é fundamental que se acabe com o político de carreira, um ser mais
para verme do que para humano, que vem corroendo a espinal medula do país,
alimentando-se fartamente à custa do pobre.
As passeatas e os comícios são muito
bons, porém, apenas quando se tem, no fim do percurso trilhado, coragem
suficiente para se tomar o poder. E está mais do que visto: coragem para
enfrentar/mudar o destino político do país através de uma Revolução “a sério”,
é algo que o povo português não tem, agarremo-nos então à possibilidade do
voto, coerente, honesto, desinteressado e, acima de tudo, corajoso.
Um grande exercício mental deve ser
feito para – pelo menos isso – o povo ter coragem para votar numa mudança
radical. Somente o voto pode mudar Portugal. E este é um ano de eleições, e
eleições que podem dar início a uma transformação, à afirmação do desejo de
cada português: o de conseguir viver de forma digna. O meu voto será pela
mudança.
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