Há poucos dias fui testemunha
ocular de um acidente: Uma jovem senhora, que caminhava descansadamente, entre
os buracos e a sujidade que serpenteiam por todo o Bairro da Ponte, colocou o
pé numa “cratera” e… Chão com ela!
As esplanadas do local estavam repletas
de pessoas, ávidas por mexericarem com a vida alheia. Ninguém se levantou para
ajudar, pois isso de ajudar os outros só acontece quando as emissoras de
televisão pedem que se avance com campanhas de angariação de fundos.
O povo, na realidade, não é
solidário. A não ser que isso lhe renda quinze minutos de fama.
Entre “ais” e “uis” a senhora
levantou-se, barafustando, mas, as suas palavras o (pouco) vento as levou, e os
ouvidos alheios, sempre moucos, estavam cheios daquela imundície e altivez que
impedem que se estenda a mão ao próximo.
Que as ruas, largos e passeios
do Bairro da Ponte estão em petição de miséria não é nenhuma novidade. Não sei
ao certo, se é o buraco, ou a porcaria, o que mais incomoda, o que sei é que,
as pessoas e os veículos que por ali passam todos os dias, estão sujeitos às
mais inesperadas situações, e nenhuma delas é agradável.
Naturalmente, os políticos locais
não residem, e não caminham, nesse característico bairro, pois, se o fizessem
perceberiam que convinha gastar menos em festas populares (de caça ao voto) e
mais em obras públicas.
A boa senhora esfolou os
joelhos e torceu um pé, mas não partiu, felizmente, nenhum osso, por isso, levantou-se,
e como pôde, “sacudiu a poeira e deu a volta por cima”, nada mais lhe restando fazer.
As perguntas que deixo no ar
são simples: O que é que a Junta de Freguesia de Santo Onofre faz com a verba
destinada às obras públicas? Não a possui? É a Câmara Municipal a única
responsável? Então a Junta serve para quê exatamente? Para passar licenças para
os cães? Andamos a pagar ordenados a quem trabalha na Junta, apenas para que
passem licenças?
Alguma coisa está podre, e não
é no reino da Dinamarca. Sim, Shakespeare não é para aqui chamado.
Infelizmente. Este gigantesco dramaturgo sabia o que dizia ao escrever Hamlet,
pois colocou o seu protagonista, o filho do rei dinamarquês, a fazer alusões à
corrupção, à traição, ao incesto, à vingança e aos crimes que ocorriam no
reino, prejudicando largamente o seu povo.
Não faço alusões idênticas,
apenas evoco a minha condição de contribuinte revoltado, por ter visto o estado
em que ficou a senhora, após aquela aparatosa queda.
As recentes eleições europeias
mostraram-nos alguma mudança política nas Caldas da Rainha. O que significa,
afinal, que nem todo o eleitor dorme. O concelho está desgastado. Os problemas
urbanos intensificam-se. Continuamos a privilegiar as grandes ideias poluentes
e a menosprezar a qualidade de vida.
Mantemos a mente ocupada com
entretenimento (coisa muito conveniente) e esquecemos que temos deveres e
direitos, um dos direitos é o de poder circular em segurança por ruas, avenidas
e largos. Um dos deveres do poder público é o de manter as vias em perfeito
estado de conservação.
Os veículos e os transeuntes
merecem respeito, sem serem obrigados a fazer slalom por entre os buracos e as pedras soltas.
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