Avançar para o conteúdo principal

Huambo




No Planalto Central de Angola encontramos um município muito cosmopolita, refiro-me à formosa Huambo, que, entre os anos de 1928 e 1975, era conhecida por Nova Lisboa. Em todo o seu território apresentam-se-nos pessoas das mais diversas origens, porém, o português mantêm-se como a língua dominante.

A história legou a Huambo o epíteto de “Capital de um dos grandes reinos pré-coloniais” de todo o centro do país, os Ovimbundos, de etnia bantu, representados pelos Wambo, e que ocupam uma imensa área no âmago ocidental de Angola, chegando a estender-se desde o litoral até às regiões montanhosas de Benguela.

A província do Huambo, onde está situada a cidade com o mesmo nome, possui a sua riqueza ancorada em duas atividades: A extração mineral (manganês, diamantes, volfrâmio, ferro, ouro, prata, cobre, urânio, etc.) e a agropecuária, que, juntas, representam quase 80% da economia de toda a região. Além disso, é, também, um núcleo de excelência no âmbito académico, designadamente nas áreas de veterinária e investigação agrária, graças às duas instituições públicas de ensino, o Instituto Superior de Ciências da Educação do Huambo e a Universidade José Eduardo dos Santos.

Essa terra, abundante em recursos naturais e minerais, possui, também, uma extensa rede hidrográfica, e uma rede ferroviária cuja amplidão serve, na perfeição, para o desenvolvimento económico nacional, devido aos seus percursos interno e fronteiriço.

O Forte da Embala da Quissala (ou Forte de Huambo ou ainda Forte Cabral Moncada), a oito quilómetros de distância da cidade do Huambo, é atualmente um dos baluartes culturais de toda a província, recebendo anualmente um fluxo turístico relevante. Esse antigo emblema arquitetónico do poder local, testemunha da luta de resistência dos povos nativos contra os colonizadores, é classificado como Monumento e Sítio, estando integrado no património histórico-cultural de Angola. Graças a essa fortificação, apesar da distância, a cidade do Huambo é, nos dias atuais, também muito beneficiada do ponto de vista do turismo.

Após o ano de 2002 a localidade desenvolveu-se de modo mais intenso, graças ao surgimento de inúmeras infraestruturas sociais e económicas, o que permitiu a captação de mais investimento. É, igualmente, de registar positivamente o fortalecimento das facetas desportivas e culturais, cujas investidas nesses setores vêm dando excelentes frutos.

A urbe possui inúmeros jardins municipais e gigantescos campos floridos, tudo muito bem tratado, permitindo que toda a região trescale a frescor primaveril. Sobressaem, nestes recantos, diversas espécies de plantas, das quais se destacam as graciosas dálias (dizem que a província possui mais de quinhentas variedades).

Evidenciam-se ainda as calçadas, ruas, praças e avenidas cuidadas com esmero.

A cidade do Huambo vem, de modo organizado, recuperando o seu património histórico, cultural e ecológico. Uma urbe geminada com Caldas da Rainha, mas que, por tudo o que disse até aqui e à semelhança do que já referi relativamente a outros burgos irmãos deste concelho, nada existe de comum entre ambas.

Huambo, como dizem os historiadores locais, possui nome de Rei e rosto de Princesa. É uma cidade fresca, retemperadora, tendo as suas antigas cicatrizes transformadas num paraíso verde, onde sobressai a vida, a alegria e o progresso.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Constituição da República Portuguesa

  O Chega e a Iniciativa Liberal querem alterar a Constituição Portuguesa. A Constituição é o documento basilar de uma nação, designando os princípios da estrutura política, dos direitos do cidadão e dos limites dos poderes do Estado. Reformá-la sem um critério equilibrado, amplamente democrático e com consciência por parte de TODAS as forças políticas, pode ter consequências expressivas nos mais variados setores da sociedade, implicando com a organização dos órgãos de soberania (Governo, Presidência e Assembleia da República), prejudicando o relacionamento entre essas entidades e as suas jurisdições; pode lesar, igualmente, os Direitos dos cidadãos, tais como, a liberdade de expressão, o direito à vida, à propriedade, à saúde, à educação etc.; pode alterar o Regime Eleitoral, apartando a população do poder de voto nas eleições Legislativas, Autárquicas e Presidenciais; pode redefinir a disposição e o exercício do poder judicial, levando a um impacto na autonomia, e administração...

Arena Romana nas Caldas da Rainha

Toda a vez que ouço um aficionado das touradas destilar frases de efeito, anunciando que “aquilo” é cultura, ponho-me a pensar num excelente projeto que poder-se-ia executar nas Caldas da Rainha: Construir-se uma Arena Romana. Naturalmente seria um plano muito interessante do ponto de vista “cultural”. As Arenas Romanas estão na história devido à inexorável caçada suportada pelos cristãos primitivos. Praticamente a mesma coisa que acontece com os touros numa praça. São muito conhecidas as crónicas sobre as catervas de animais impetuosos que eram lançados sobre os fiéis indefesos, algo muito semelhante com o que se vê nas liças tauromáquicas. Um touro a mais ou a menos para os aficionados é, praticamente, igual ao sentimento romano: Um cristão a mais ou a menos pouco importa. O que vale é a festa; a boa disposição de quem está nas arquibancadas; as fortunas envolvidas, representando lucros fenomenais para alguns; a bandinha de música, orientada por um maestro bêbad...

José Rui Faria de Abreu

  Existem amigos que, quando partem para os confins do Desconhecido, nos deixam uma lacuna na alma, difícil de preencher. Foi o caso do Faria de Abreu. O primeiro contacto que tive com ele foi em Coimbra, no ano de 2001, quando fui obrigado a levar o meu pai, em consulta oftalmológica, de urgência. Após aquele dia, travamos uma salutar amizade, com vários telefonemas em diversos períodos nos anos que se seguiram, e até inúmeras visitas aquando das minhas várias passagens pela Terra dos Estudantes. Os colegas diziam que ele era o melhor oftalmologista de Portugal, a Universidade de Coimbra tecia-lhe elogios e louvores, os pacientes – o meu pai incluído – diziam que ele era um médico respeitador e dedicado. Eu digo, simplesmente, que ele era uma figura humana sensível, logo, alguém que compreendia o valor da amizade. José Rui Faria de Abreu faleceu na manhã do dia 27 de novembro de 2012 no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra , aos 67 anos de idade,...