Todos os dias tento encontrar
razões para acreditar que a classe política quer, realmente, o melhor para a
sua urbe. Enquanto, em diversos países, notamos o crescimento vertiginoso de
programas elaborados para o aperfeiçoamento da qualidade de vida das
populações, aquilo que presencio no dia-a-dia é tão irrisório, desinteressante
e desqualificado, que acaba por confirmar as inúmeras deficiências da categoria
acima indicada.
Distintas localidades do
planeta estão a ser delineadas, praticamente de raiz, para prover os seus
moradores de um modo sustentável, como é o caso da cidade de Songdo, na Coreia
do Sul, em que os carros serão abolidos, dando total prioridade aos transportes
públicos e às bicicletas. Além disso, está a ser executado um traçado
urbanístico que prevê a aproximação dos locais de trabalho, e lazer, dos
distritos residenciais, o que significará uma grande poupança de tempo e dinheiro,
em deslocações, para a população em geral. Um dos pontos mais importantes desse
plano é aquele que destina 40% da área total de Songdo à implementação de uma
floresta, de um bosque e de um parque, o que demonstra que existe – verdadeiramente
– uma preocupação ecológica com o futuro da região, quiçá do planeta.
Outros notáveis projetos são aqueles que estão em andamento em
cidades como: Forest City, na China (que a transformará na primeira urbe
totalmente ecológica da esfera planetária); Wowen City, no Japão; Putrajaya, na
Malásia; a Cidade Económica do Rei Abdullah, na Arábia Saudita; Singapura; Helsinki,
na Finlândia; e Kuala Lumpur, na Malásia; todas com a efetivação de
propostas/compromissos de preservar a condição habitável e gregária dos lugares
citados.
Ao analisar as propostas
políticas para o Oeste noto o desconhecimento de programas como o do Horizonte
Europa e o das linhas do Pacto Ecológico Europeu. O que significa que a classe
política anda a dormir (ou não possui o mínimo interesse em avançar com a
implementação de planos de investigação e de inovação mesológica para as suas
regiões). Caldas da Rainha é o exemplo disso. Tudo nessa urbe é lento, todas as
decisões são morosas, deixando-nos muitas dúvidas acerca do futuro. Cada
atitude política, especialmente no que diz respeito à ecologia, representa um
afastamento das apostas necessárias para que essa seja uma cidade inteligente e
de efetivos programas de impactos neutros para o clima. E pode piorar, pois não
há, nos órgãos autárquicos, quem conheça os instrumentos que possam facultar à
administração – e aos cidadãos – um envolvimento ativo nos procedimentos de
restruturação do ambiente urbano.
Planeamento; transformação
urbana; sustentabilidade; humanização da cidade; mobilidade; água e energias
renováveis; gestão de resíduos; inteligência artificial; IoT (interconexão
digital); cibersegurança; são alguns dos temas ignorados pelos autarcas locais.
A Organização das Nações Unidas
(ONU) prevê que até ao ano de 2050, aproximadamente, 70% da população mundial
viverá nas cidades, portanto, o futuro da humanidade passará pelo modo como os
políticos poderão tratar dos programas de urbanismo sustentável.
Quem pensa que esse tipo de
preocupação é uma novidade, está completamente enganado, pois foi no já muito
distante ano de 1976 que, no Canadá, os líderes mundiais se reuniram pela
primeira vez (Conferência Habitat), sob os auspícios das Nações Unidas, para
debater os mais importantes temas relacionados com as “explosões do crescimento
da população, da produção, do consumo e do uso dos recursos naturais”.
Quarenta e seis anos depois, burgos
como Caldas da Rainha estão a léguas de distância de compreender como podem ser
cidades sustentáveis. Propaganda há muita. Porém, basta um ligeiro olhar para
percebermos que nada de relevante foi feito em prol dos cidadãos, e que não
existe nenhum compromisso com a promoção da sustentabilidade inclusiva e
contínua, afastando-se, assim, da integração com as questões sociais,
energéticas, económicas e ambientais.
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