Depois de, aproximadamente,
seis anos de colaboração com o Jornal das Caldas, chegou o momento de uma mudança. Um
autor que não se movimenta acaba por cair em lugares-comuns. O que não é bom
para a saúde literária da própria criação.
Repentinamente, após um
telefonema recebido, vi-me impelido a aceitar um dos convites que tenho arrecadado
ao longo do meu percurso.
Em busca do melhor, o ser
humano não pode, nem deve, estagnar. Avante, pois para a frente é o caminho,
como se costuma dizer, já de modo tão gasto.
Sim, estou de saída. Deixo para trás uma equipa de bons profissionais. Agradeço, a cada um,
pelos anos de convívio e camaradagem.
Os meus leitores não deverão
sentir falta. Mas se por acaso isso vier a acontecer, brevemente, através das
minhas redes sociais, saberão em que folha jornalística estarei. Por enquanto
reservo-me à discrição, pois há detalhes que ainda estão a ser ultimados.
A responsabilidade de quem
escreve num jornal é enorme, especialmente quando se preza pela Democracia.
Servir a população, através da
coerência, da honestidade e, principalmente, sem vender a alma a interesses
políticos estranhos (coisa muito comum nos tempos que correm, por parte de
jornalistas cujos nomes a história acabará por apagar), pode ser o motor que a
comunidade necessita para chegar à verdade e, presumivelmente, à tal da Democracia.
Foram duzentos e setenta e
quatro textos que publiquei neste semanário, os temas são os mais variados,
contudo, todos possuem o desejo de ajudar as populações das Caldas da Rainha e
de Óbidos. E todos serão publicados em livro. O primeiro, como aqui escrevi na
semana passada, está a caminho das livrarias, os outros, claro, dependem da
agenda do editor.
Muito há a fazer nas Caldas da
Rainha, principalmente nos quesitos educação e cultura, para que os leitores desta
folha compreendam o que foi, é e poderá ser este concelho. A informação tem,
obrigatoriamente, de ser a mais honesta possível, mesmo que isso leve o poder
instalado a uma insatisfação generalizada. É visível que determinados
interesses não querem que o povo seja esclarecido, culto, conhecedor de
verdades. É muito cómodo, para essa má fatia da sociedade, que a população viva
na ignorância. Quem escreve num jornal não pode incentivar o pão e o circo tão
ao gosto dos autarcas.
Desde há muito que se ouve:
“Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Tudo o resto
é publicidade.”
Construir as sociedades é algo
complexo, todavia, se esse processo de estruturação for sólido, tendo por base
a verdade e a honestidade, com certeza teremos greis poderosas, que conseguirão
derrubar preconceitos e extinguir a corrupção.
“Somos nós que forjamos as
correntes que usamos em nossas vidas” (Charles Dickens (1812-1870).
Na forja da minha existência
está, neste momento, o projeto de edição de diversos livros, bem como a
dedicação total a um propósito jornalístico mais coerente com o meu atual
pensamento. Mantendo-se, claro, o meu contributo para o debate teórico da
construção de uma sociedade melhor, incidindo e produzindo, sempre, a partir de
um conjunto de predisposições que podem vir a ser relevantes para a captura do
cotidiano e para o desenvolvimento da constituição social da realidade.
A fertilidade das ideias sempre
foi um ponto favorável, porém, alguns (especialmente os políticos) ficaram com
receio de perder protagonismo. Dentro de um veículo de comunicação, assim como
na vida, de um modo geral, devemos saber honrar todo aquele que oferece
(especialmente quando é de forma gratuita, desinteressada) todo o manancial de
que dispõe, de modo inesgotável.
Boa sorte e saúde aos que
permanentemente respeitaram o meu trabalho.
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