Apresenta-se-me hoje um texto de Agustina Bessa-Luís intitulado: O Dourado. Sinto-o como uma das produções menos profundas dessa autora, uma escrita que não preencheu o vazio que me vinha na alma. O Dourado é uma personagem marcada pela sede de riqueza e posse, que não vê nenhum problema em passar de lanceiro do reino a saqueador de casas senhoriais. Pronto, está contada a história. A autora não deu atenção a algumas situações na acção da trama, que poderiam enriquecer todo o texto como, por exemplo, fazer uma descrição mais detalhada da personagem central, para levar o leitor a perceber o real motivo da sua mudança de “profissão”, ou seja, de lanceiro do Rei a saqueador. Toda a acção acontece muito rapidamente, sem o primor do detalhe “queirosiano”, fazendo com que a trama seja muito leve, e que tudo o que se apresenta seja muito previsível. Desenrolo aqui um certo gosto literário por Eça de Queirós, e faço um julgamento deveras perigoso em relação a Agustina Bessa-Luís, concordo, porém, o certo é que esperava bem mais desse conto, algo que me fizesse apontar para o preciosismo do pormenor, do “piscar o olho” da personagem principal para com o ávido leitor. Nada aconteceu. Fiquei, portanto, decepcionado quando percebi que não existe, no desenvolver da trama, aquele raro toque que outros textos de Agustina Bessa-Luís possuem. Para piorar a situação, aborreci-me profundamente com as várias quebras de ritmo existentes por todo o conto. Algo impensável para mim, que estou sempre à procura de uma certa musicalidade em cada texto. Não compreendo, o motivo que levou a autora a “economizar” a possibilidade de descrever situações que poderiam enriquecer, em muito, todo o trabalho. Fiquei com a sensação que não disse tudo o que queria dizer porque não lhe apetecia prolongar a escrita. Ou, se quiserem, não quis “investir no enriquecimento vocabular” do tema. Mas, nem tudo é mau, pois continuo a gostar da literatura de Agustina Bessa-Luís, e a acreditar que seria muito justo se fosse premiada com o Nobel pelo conjunto da obra.
O Chega e a Iniciativa Liberal querem alterar a Constituição Portuguesa. A Constituição é o documento basilar de uma nação, designando os princípios da estrutura política, dos direitos do cidadão e dos limites dos poderes do Estado. Reformá-la sem um critério equilibrado, amplamente democrático e com consciência por parte de TODAS as forças políticas, pode ter consequências expressivas nos mais variados setores da sociedade, implicando com a organização dos órgãos de soberania (Governo, Presidência e Assembleia da República), prejudicando o relacionamento entre essas entidades e as suas jurisdições; pode lesar, igualmente, os Direitos dos cidadãos, tais como, a liberdade de expressão, o direito à vida, à propriedade, à saúde, à educação etc.; pode alterar o Regime Eleitoral, apartando a população do poder de voto nas eleições Legislativas, Autárquicas e Presidenciais; pode redefinir a disposição e o exercício do poder judicial, levando a um impacto na autonomia, e administração...
Comentários
Rui, fiquei curioso, em que livro da Agustina você encontrou o conto "O Dourado" ?
Cumpts!
Peço desculpa pela demora na resposta.
Em 2007 encontrei "O Dourado" publicado em separata. Creio que alguma livraria ainda o deve ter, ou então um alfarrabista.
Veja também nas editoras "Minutos de Leitura" e "Guimarães".
Cumprimentos
RC .:.
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