Depois de algum tempo, decidi sair de casa. Arriscar-me, para contrair ideias para o romance em calha. Um passeio breve, sempre a fugir das pessoas que não encontrei. Durante todo o percurso vi pássaros, voltaram à cidade. Bandos, que haviam desaparecido por causa do ser, pouco humano, que se move desengonçadamente pelo planeta, causando estragos e trazendo desequilíbrios. Dois pavões cumprimentaram-me numa rua, ao abrirem, em leque, a sua matizada cauda. O que me fez pensar em atravessar um parque próximo. Surpreendentemente havia silêncio, pois as bocas barulhentas não subsistiam por ali. Ouvi mais passarinhos. Vi espécies que julgava extintas. Suas asas batiam ventos de uma harmonia impensada. Sorri. Vi ratos, um esquilo a subir no tronco de uma árvore, patos e gansos. Ouvi contrapontos, emitidos por uma bicharada insanamente bela. Nada abafou o som do meu deambular. Não sei se aprofundei a minha bhavana , ou o meu desenvolvimento mental. O que sei é que ...
Ator, encenador, professor de Arte Dramática, escritor e jornalista.