Não quero, com este artigo,
fazer uma apologia ao teólogo Aurélio Agostinho de Hipona (354-430), explanando
longamente sobre a felicidade, ou divagando acerca da teologia doutrinária para
o Cristianismo, dois temas do livro de sua autoria, cujo título está em
epígrafe.
A felicidade - nesta conjuntura
pandémica - é, de facto, muito relativa, pois nunca foi tão fácil, e rápido,
passar-se desse estado para um de tristeza e desconsolo, devido às ocorrências diárias.
Estupefatos com o que vemos,
necessitamos de buscar, no melhor de nós, o consolo para aqueles que nos são
queridos e não estão a passar por um bom momento. A felicidade, é uma condição
sólida de superabundância, contentamento e estabilidade espiritual, física e
psíquica, e possui infinitas abordagens, entre elas a da relação do ser humano
com a natureza; com a família; com os amigos próximos; e com a cortesia, a
sabedoria e a generosidade para com o outro.
Sentimos que estamos infelizes
quando somos traídos; quando lidamos com a perda física de um parente próximo,
ou do amigo do coração; e quando deixamos de ter sonhos e/ou de conseguir
realizá-los.
Todas as pessoas que nos
rodeiam possuem, em diferentes graus, modos de nos oferecer estados d’alma que
se aproximam da felicidade. Devemos olhar para os lados, procurar essas pessoas
que na maioria das vezes vivem em nossa casa, no apartamento ao lado, no andar
superior ou inferior, do outro lado da rua, etc.. Indivíduos que, assim como
nós, estão em busca de alegria e paz interior.
Não precisamos esmiuçar os
pensamentos de Siddhartha
Gautama (463 a.C.-563 a.C.) para compreendermos qual o epicentro da felicidade,
basta-nos saber que um gesto de carinho pode gerar uma tempestade de ventura.
Acredito que essa felicidade
pode ser conquistada através do bem-querer ao próximo, que, aliás, é a base do
Cristianismo, pois Jesus Cristo (7-2 a.C. - 30-33 d.C.) assim o pregou,
acrescentando, porém, o amor a Deus (fundamental para alimentar a sua
doutrina).
Maomé (571-632) também divagou
acerca da felicidade, porém, canalizou-a em dois temas: A caridade e o crédito
na vida eterna. Segundo ele, ingredientes essenciais para a fortuna da alma
humana.
Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778) diz-nos que a felicidade existe no ser humano antes da
criação/organização da civilização, e que com o surgimento desta veio a
devastação da ventura. Para ele, a solução do problema está apenas no
investimento na educação, e o comumente regresso à simplicidade original do
ser.
Já o filósofo positivista Augusto
Comte (1798-1857) aponta-nos o caminho da felicidade através do altruísmo e da
solidariedade.
Se analisarmos cuidadosamente
todas as soluções apontadas, por esses numes tutelares da Humanidade, podemos
perceber que os caminhos percorridos para chegarmos à felicidade resumem-se
numa só palavra: Amor.
Amor, para combater o fascismo;
para sabermos escolher os políticos que vão representar-nos; para conseguir
suportar as agruras de uma pandemia; para viver em plenitude e harmonia com
tudo à nossa volta.
Tudo passa pela laboração da
alma que recebe e distribui amor, o hipocentro da felicidade.
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