Muito mais do que o baú de escritos, que mora ao lado de uma grande estante de livros, repousa em mim o cuidado pela existência da arca da minha memória. Tenho uma facilidade enorme em enumerar os livros lidos e arquivados em minha memória biológica, será isso uma capacidade da reputação declarativa ou explícita? Será uma mais-valia do meu lobo temporal medial? O que me parece é que essa aptidão, no que toca à lembrança dos livros lidos, deve estar relacionada com a reminiscência semântica, inspirada pela base do conhecimento, inflada pelo trabalho e pelo estímulo. Serão, então, os livros lidos, os tijolos que erguem o meu Baú da Memória? Estarei a construir uma fortaleza, inspirada na criatividade, excelsa extensão da minha própria condição humana? O meu mundo, plasmado em Arte, é o meu reduto criativo, livrando minh’alma dos pactos, doutrinas e preceitos da sociedade. Tenho em mim uma enunciação criadora, consequência evidente da minha autonomia. Muito mais do que o baú de escritos, ...
Ator, encenador, professor de Arte Dramática, escritor e jornalista.