Já há algum tempo que venho dedicando muitas horas à ficção, mais exatamente aos romances, não os de capa e espada, nem os lamechas, cheios de lugares comuns e pouca intensidade.
O meu caminho, enquanto romancista, passa por uma acentuada e cuidada investigação, para dar à história uma base sólida, onde as personagens e as ações possam deambular sem cair numa espécie de precipício literário.
Um romance bem estruturado dá ao leitor o tálamo confortável e prazeroso que, naturalmente, o fará “entrar na história”, e apaixonar-se por ela, ou, simplesmente, por alguma personagem.
Dos meus romances escritos, só um, por enquanto, está publicado, o “Espero por Ti em Luanda”. Uma parte da sua estrutura é ficcional, uma parcela das personagens são reais e todos os locais de ação existem.
Deixei, em determinadas partes, a imaginação criar asas e sobrevoar o meu planeta mental, creio que correu bem.
Se seguisse as ideias de Descartes ou Spinoza, não sairia da escrita concebível, tornando o romance numa sólida pedra racionalista, o que seria o mesmo que dizer que deixaria de ser um romance, pois faria cair a ficção.
Revolucionária e doce. O que mais posso dizer de ti, minha querida Carolina? Creio que poucos extravasaram tão bem, tão literariamente, tão poeticamente, as suas apoquentações políticas. Vivias num estado febricitante de transbordamento emocional, que o digam os teus textos – aflitos – sobre as questões sociais ou, no mais puro dos devaneios sentimentais, as tuas observações sobre a música que te apaixonava. O teu perene estado de busca pelo – quase – inalcançável, fazia-nos compreender como pode ser importante a fortaleza de uma alma que não se verga a modismos ou a chamamentos fúteis vindos de seres pequenos. E por falar em alma, a tua era maior do que o teu corpo, por isso vivias a plenitude da insatisfação contínua. Esse espírito, um bom daemon , um excelente génio, que para os antigos gregos nada mais era do que a Eudaimonia , que tanto os carregava de felicidade, permitindo-lhes viver em harmonia com a natureza. Lembro-me de uma conversa ligeira, onde alinhava
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