No sopé da Serra de São
Domingos, em Minas Gerais, no Brasil, encontramos um município geminado com
Caldas da Rainha, refiro-me à maravilhosa Poços de Caldas. A beleza daquele local
enche-nos os olhos, pois está localizado num território abrangido por dois
biomas: O Cerrado e a Mata Atlântica, espaços geográficos cujas definições
enriqueceram aquele torrão, seja no clima, na fito-fisionomia, ou na opulência
da qualidade da sua terra e da sua água.
Poços de Caldas começa a surgir
no instante em que se encontram as suas primeiras nascentes e fontes, por volta
do século XVII, na extremidade de uma caldeira vulcânica com, aproximadamente,
90 milhões de anos de existência.
Essas águas, com inúmeros
poderes curativos, fizeram prosperar o município, dando-lhe independência
financeira, e qualidade de vida aos seus moradores.
Inicialmente com o pomposo nome
de Santa Rita das Águas Milagrosas dos Poços de Caldas, este local, com o
passar das décadas, foi-se firmando na memória popular como uma terra de cura, o
que motivou, no ano de 1886, a edificação de um Balneário, onde passaram a
tratar-se todas as doenças de foro epidérmico.
Poços de Caldas recebeu, desde
sempre, os mais ilustres visitantes, porém, há um que não sai do pensamento dos
naturais da terra, o de Sua Majestade, o Imperador D. Pedro II, homem de
cultura, e de uma educação assaz impressionante. Os responsáveis pelo Balneário,
devido à visita de tão importante monarca, mandaram construir um chalé, para
que este, e sua família, ficassem bem acomodados. Esta estrutura contribuiu
muitíssimo para tornar mais apetecível a visitação ao local, tanto que, quando circulava
a informação de que o Imperador iria passar alguns dias a banhos, o “Hotel da
Empresa”, pertença do Balneário, os albergues, as pensões e os quartos
particulares a arrendar, ficavam “à pinha”.
O antigo Balneário não mais
existe (demolido no final dos anos 20, no século XX). No seu lugar foram
construídos: O Palace Cassino, o Palace Hotel e as Thermas António Carlos. Três
portentosas estruturas, cuja grandiosidade impressiona. O primeiro possui
amplos salões, um soberbo teatro e lindíssimos lustres de cristal tcheco. O
segundo, com suas “linhas ortogonais |…| formas geométricas e simétricas,
pórticos e colunas |…| com um ar Clássico, Neoclássico e Basco |…| a bela
piscina de águas termais ao estilo romano |…| os maravilhosos vitrais estilo
Art Deco, criados e construídos na Casa Conrado de São Paulo |…| a bela estátua
de mármore “Le Prime Rose”, que enfeita graciosamente o Jardim de Inverno, é
uma obra de António Botinelli e tem uma versão idêntica no Museu de Butti, ao
norte da Itália”. O terceiro possui um excelente serviço de fisioterapia, que
“combina recursos da mecanoterapia e do termalismo. O balneário conta com
dispositivos mecânicos projetados no século XIX pelo sueco Gustav Zander e
fabricados na Alemanha no final dos anos 1920. O uso dos aparelhos é coadjuvado
por banhos de imersão em água sulfurosa…”.
Os três estabelecimentos
possuem magníficas acomodações (e uma gastronomia de alto gabarito, que conta,
além de sofisticados pratos internacionais, com um delicado menu típico do
Estado de Minas Gerais), sendo considerados uma das maiores e mais frequentadas
estâncias hidrominerais das Américas, visitadas, inclusive, por inúmeros chefes
de Estado e artistas de renome mundial.
Nas imediações daquele complexo
hidrotermal é possível passear pelo bem cuidado Parque José Affonso Junqueira,
entre alamedas floridas e relvados verdejantes. Local que dá um toque especial ao conjunto termal.
Porém, em Poços de Caldas não
há apenas termas, podemos encontrar, também, um grande investimento no turismo
ecológico, na cultura, e nos desportos radicais.
Caldas da Rainha, infelizmente,
está muito longe de voltar a ser uma cidade termal de renome internacional,
pois perdeu-se no tempo e nas más decisões políticas. O que se vê atualmente é
apenas areia para os olhos, com a
conivência de uma sociedade adormecida!
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