A pandemia que vem assolando o nosso
belo planeta trouxe alegria ao Parque D. Carlos I. Que ironia, não é verdade?
Foi graças à calamidade, que a
natureza conseguiu robustecer-se, revigorar-se, permitindo a renovação da sua vida
biológica. O que nos leva a chegar a uma conclusão: As Feiras (Cavalo e Frutos)
não devem ocorrer ali. Esses dois certames são muito prejudiciais à fauna e à
flora do nosso Parque.
Devemos aproximá-lo, sim, de um
Jardim Botânico, e não transformá-lo num recinto de “chavascadas”, onde existe
um profundo desrespeito pela natureza e, por conseguinte, pela própria saúde da
população caldense, especialmente a saúde mental, pois, aquele local é uma
espécie de santuário, onde vamos mitigar as tensões do nosso dia-a-dia.
Caldas da Rainha tem capacidade
financeira para construir um recinto apropriado para abrigar aquelas Feiras. E se, por mero acaso, alguém disser
que não, irei mais longe, anunciando que existem programas específicos na União
Europeia que podem financiar a construção, ou adaptação, de uma área
suficientemente grande e guarnecida com todas as especificações necessárias
para termos as melhores Feiras do Cavalo e dos Frutos, em toda a nossa
história.
Em maio de 2019, publiquei um
artigo (Caldas da Rainha e a Biodiversidade) onde explanei sobre a necessidade
urgente de se proteger a fauna e a flora do Parque D. Carlos I, deixando ali de
realizar-se aquelas Feiras. Com esse texto, conquistei um enorme número de
apoiantes, o que me faz acreditar que existem pessoas – mesmo - muito
preocupadas com a herança - no que trata ao ecossistema - que vamos deixar às
gerações futuras.
Porém, politicamente, um ano volvido sobre a referida
publicação, nada mudou, faltando, ainda, nas Caldas da Rainha, a definição dos
contornos da Estrutura Ecológica Municipal, dentro de um Plano de Ordenamento
do Território.
Não muito longe deste concelho
há quatro Jardins Botânicos, cujos técnicos poderiam ensinar-nos muito,
principalmente acerca da importância de possuirmos dois pulmões (Parque D.
Carlos I e Mata Rainha D. Leonor) tão relevantes para a nossa região (e não
só). Deveríamos, portanto, estreitar laços, e formalizar protocolos, com uma
destas instituições: Jardim Botânico da Ajuda, Jardim Botânico de Lisboa,
Jardim Botânico Tropical e Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
As Feiras do Cavalo e dos
Frutos podem expandir-se e crescer, sem necessitarem do Parque D. Carlos I –
repito, essencial para a fauna e a flora locais, e para a saúde dos caldenses -
para isso, os seus organizadores devem fazer um importante exercício de
humildade, aceitando que há valores maiores a proteger e preservar.
Somos inteiramente dependentes
da natureza! Sem ela, o ser humano, obviamente, deixa de existir.
Desde o século XIX que se
estuda nos Estados Unidos da América o preservacionismo e o conservacionismo na
questão ambiental, ambos, obviamente, a se contraporem à ganância económica a
qualquer custo e à exploração predatória da natureza. E, não devemos esquecer
que esse é um país completamente capitalista (foi graças a esses tipos de
abordagem que se pôde criar verdadeiros pulmões em regiões importantes,
surpreendentes relicários ecológicos como o Parque Nacional de Yellowstone, o mais
antigo parque nacional do nosso planeta, inaugurado no dia 1 de março de 1872).
Com certeza, proteger o Parque
D. Carlos I, respeitando a sua biodiversidade e considerando os seus aspetos
sócio ambientais, é garantir uma estratégia fundamental para a manutenção do
nosso perfil enquanto cidade. Sem contar que, estaremos, também, a colaborar
com a valorização do nosso querido Museu José Malhôa.
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