Como é do conhecimento público,
José Vital Branco Malhôa nasceu nas Caldas da Rainha, no dia 28 de abril de
1855, e morreu em Figueiró dos Vinhos, a 26 de outubro de 1933.
É estudado como sendo o
precursor do Naturalismo em Portugal, sendo, também, apontado como o pintor
português que mais perto chegou da corrente Impressionista. Tecnicamente não
deixa dúvidas: É do mesmo porte de um Claude Monet (1840-1926), Edgar Degas (1834-1917),
Edouard Manet (1832-1883), Camille Pissarro (1830-1903), Paul Cézanne
(1839-1906), e Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).
Malhôa, em toda a sua
sobriedade e bom senso artístico, foi o primeiro presidente da Sociedade
Nacional de Belas Artes, fundada em 1901, que tem como fundamental propósito
“promover e auxiliar o progresso da arte em todas as suas manifestações…”. O
Pintor de Portugal é, também, Grande-Oficial da “Antiga, Nobilíssima e
Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico,
Literário e Artístico”, a mais importante ordem honorífica portuguesa, criada
no dia 5 de julho de 1175. Sendo uma Ordem Honorífica, possui um Grão-Mestre,
que, por inerência, é o Presidente da República.
Tendo em conta tudo o que
disse, assalta-me uma ideia simples, porém, complexa para Caldas da Rainha: Ver
os ceramistas caldenses criar as Rotundas Malhôa, transpondo, em cerâmica, e em
grande escala, diversas pinturas de José Malhôa. O que poderia transformar-se numa
atração turística em escala mundial.
Caldas da Rainha é um concelho
recheado de rotundas, o que abranda, e organiza, consideravelmente o trânsito,
porém, a maioria não possui um atrativo real, um motivo inspirador, que traga
aos olhos do natural a alegria de ser caldense.
Bordalo Pinheiro não é
originariamente da terra e está muito bem representado em diversos pontos desta.
José Malhôa é um caldense legítimo e pouco temos dele a admirar (exceção
fazemos ao excelente museu em sua homenagem, instalado no Parque D. Carlos I,
mas, quantos caldenses o visitam anualmente?).
Se Caldas da Rainha dedicasse as
suas rotundas a José Malhôa, certamente, em menos de um decénio teríamos um
turismo cultural muito forte, igualando-nos a determinadas cidades do mundo,
que investem maciçamente na projeção de suas glórias literárias, teatrais,
pictóricas, etc., pelas suas ruas, avenidas e praças.
Os motivos das pinturas de
Malhôa são de uma força, e de um carisma, intensos. Imaginem o espanto,
daqueles que, ao adentrarem em Caldas da Rainha, vissem “A corar a roupa”, “O
fado”, “A sesta”, “Gozando os rendimentos”, “Clara”, “Cócegas”, “Varanda dos
rouxinóis”, “Ai, credo!”, “Velha fiando”, “Lendo o jornal”, “As promessas”,
“Ilha dos amores”, “Uma boa compra”, “Gritando ao rebanho”, “O ateliê do
artista”, “À sombra da parreira”, “Cuidados de amor”, entre tantas outras
materializações.
Evidentemente, essas rotundas
artísticas devem seguir as normas criadas, especificamente para isso, não se
tornando um obstáculo para os condutores, prejudicando a visibilidade do
entorno. Para não ferir suscetibilidades governativas, deve, a Câmara
Municipal, ter muito presente, as regras consagradas no Manual de
Dimensionamento de Rotundas, um excelente documento, elaborado pela
Universidade de Coimbra e pelas Estradas de Portugal (EP).
Terá a Câmara Municipal das
Caldas da Rainha fôlego financeiro para tal investimento? Com certeza, poderá
ser usado um dos programas relacionados à inovação, ou ao desenvolvimento
regional e urbano, financiado pela União Europeia, através dos Fundos
Estruturais e de Investimento (os mesmos que contribuem para a execução da
Estratégia Europa 2020).
Haja vontade, e traremos o Céu
à Terra!
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Tela: Milho ao Sol
Autor: José Malhôa (1855-1933)
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