As próximas eleições
autárquicas prometem modificações no cenário político caldense, graças ao
crescimento repentino de um partido conotado com a Extrema-Direita.
Em parte não vejo nenhuma
novidade no que toca a esse desenvolvimento, porque a maioria da população
portuguesa, por vezes, parece possuir laivos e rancores muito apegados a
saudosismos fascistas, porém, o que acho curioso é o facto de nessa novel força
política encontrarmos tanto ex-militantes e simpatizantes de partidos da
Direita pura (PSD e CDS-PP), quanto diversos nomes que militavam e simpatizam
com a Esquerda e o Centro-Esquerda.
O surgimento desse “bicho papão”
partidário trará, inevitavelmente, algumas alterações, neste ano, a diversas
freguesias e à Assembleia Municipal, isso porque toda a Oposição caldense
perdeu quatro anos a procurar gambozinos, ou, como diz um histórico socialista:
“a matar baratas no canto da sala”.
Há, nas Caldas da Rainha, uma
Oposição apática, e que afugenta eleitores. Gesto que facilita, e muito, o
discurso fácil perpetrado por quem CHEGA.
Outro dos motivos da fuga dos
eleitores é o palavreado rústico. O “politiquês” de certas “lideranças” de
Esquerda e de Centro-Esquerda afasta completamente o interesse dos eleitores em
geral. O que fazer para os cativar? Existem diversos conceitos que se fossem
colocados em prática não dariam oportunidade aos partidos “novatos” de alçarem
grandes voos num curto espaço de tempo, porém, como a “linguagem” que usam é
dedilhada no velho acordeamento de uma viola empandeirada, não é sonante, não
encanta, não causa empatia.
Com um falatório que não
ultrapassa a mesmice, o lugar-comum, os discursos que se ouvem cheiram a
aldrabices eleitoreiras, motivando assim, e naturalmente, o aumento da abstenção.
Não há hipótese de se
conquistar eleitorado, muito menos de o ir buscar a essa abstenção, se o
discurso peripatético que se ouve desde 2017 não seguir outro rumo.
A Oposição caldense precisa
reinventar-se, senão, devido à sua inconsistência, perderá a pouca
representatividade que possui nas Assembleias de Freguesia e na Assembleia
Municipal.
O ridículo que se viu nos
debates televisivos, aquando da campanha para as presidenciais, promete ser o
mote das autárquicas, ou seja: Todos os partidos a atacarem o candidato do
CHEGA, uma parvoíce sem tamanho. Em primeiro lugar porque esses partidos, ao perderem
um precioso tempo em agressões verbais, não conseguem divulgar ideias e projetos
que possam atrair eleitorado; Em segundo porque a insistência no ataque fará
com que todas as atenções estejam centralizadas nos candidatos do novo partido,
dando-lhes, sem esforço da parte deles, a possibilidade de crescerem (e sem fazerem
nenhuma diligência para apresentar propostas úteis para o concelho).
Caldas da Rainha, como se vê
por atitudes vindas de diversos quadrantes, é terra muito fértil para a
Extrema-Direita.
O surgimento de novos partidos
é um bom exemplo do que é a Democracia, porém, falta-nos apenas perceber qual o
verdadeiro rosto de quem CHEGA, pois com tantos militantes e simpatizantes
vindos de todos os quadrantes políticos, é possível que esse próprio partido
não tenha definido a sua própria face. De qualquer modo, a aproximação do seu
líder nacional a nomes da Extrema-Direita europeia possui um significado forte,
preocupante. Inclusive, ameaçador para a defesa dos Direitos Humanos.
O rumo que as Autárquicas de
2021 irá tomar já está a tirar-me o sono, a acentuar-me as olheiras e a
vincar-me o rosto. Culpa da sonolência da Oposição.
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