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Natal pequenino

 


Caldas da Rainha viveu um recente período natalino sob a égide dos enfeites caros - e desnecessários, neste difícil período de recessão que passamos - nas ruas e praças locais. O excesso de ruído, no centro da cidade, também não levou conforto a quem gosta de descontração, de boa conversa e de um momento de tranquilidade numa esplanada.

Infelizmente, os políticos ainda acreditam que luzes e barulho dão votos. É claro que, nas Caldas da Rainha, essa classe possui alguma sorte, pois a população é muito mansa, não se preocupando com “as facadas que recebe nas costas” aquando das decisões tomadas na Assembleia ou na Câmara Municipal.

Será que os meus queridos leitores não têm conhecimento acerca de como as resoluções tomadas naqueles dois órgãos podem afetar a sua vida? Saibam que podem atingi-los diretamente, positiva ou negativamente. Mas o que isso importa, não é mesmo? O que vale é ter os olhos para cima, encantados com o colorido que “embeleza” algumas ruas, publicar fotografias nas redes sociais, dizer aos amigos que “a árvore das Caldas é a maior do país”, sem esquecer das futeboladas. Assuntos “deveras importantes”, muito mais do que o aumento da tarifa da água, do saneamento e da recolha de resíduos.

Neste mandato autárquico, Caldas da Rainha possui o pior “elenco” de vereadores e de deputados municipais da sua história.

Não consigo compreender como o Sr. presidente da Câmara escolheu tão mal a sua equipa (sobre as preferências dos partidos, em relação aos seus representantes, recuso-me a manifestar qualquer opinião). Como é possível que um momento eleitoral histórico, como foi o das eleições autárquicas de 2021, tenha sido atirado ao lixo, pela clara incompetência da maioria dos nomes que compõem as bancadas?

O concelho tem perdido, semana após semana, na indústria, no comércio tradicional, na agricultura, na educação, na cultura (talvez fosse melhor renomear a pasta, passando a chamá-la de “entretenimento”), na saúde, etc.

O que se pretende de uma autarquia é a busca incessante do bem-estar da sua população (luzes de Natal e “cornetadas” nas vias públicas não estão incluídas) através de medidas concretas para a redução do custo de vida. E o que se vê aos magotes? Propaganda! Todas as semanas, nos jornais locais, espalham-se comunicações acerca da criação de organismos “que visam o melhoramento da vida das pessoas”. Porém, o que se percebe, por tudo o que já foi criado, elaborado e anunciado é que não passa de conversa para embalar os distraídos.

“Ainda pior do que a desilusão de um não ou a incerteza de um talvez, é a desilusão de um quase.” (Sarah Westphal, 1983-).

O que se diz pelas ruas é que a atual classe política das Caldas da Rainha está a agir de acordo com os seus interesses pessoais, conduzindo o concelho a um “quase”. O que pode levar a região – atrasadíssima em diversos setores – a fragilizar-se ainda mais, especialmente nos campos social, cultural e económico.

Os polos que poderiam alavancar o progresso estão praticamente extintos, entre eles a cerâmica e as termas (fazer sabonetes, etc., é “fofinho”, mas não resolve os problemas do Hospital Termal). Da tal “cidade criativa” restam apenas o título e a boa vontade dos pouquíssimos criadores que ainda vão resistindo em manter os seus ateliês no concelho.

Este atual executivo tem algo extraordinário escondido na manga? Se estão à espera do último mês do mandato para o anunciar… é melhor aguardarmos sentados.

Comentários

Anónimo disse…
Há muitos anos Caldas se acabou. Cidade termal? Faz-me rir. Hospital termal sempre viveu a beira de um colapso. Não conheço ninguém que tenha vonseguido utiluza-lo. Só conversa para boi dormir. Pão e circo como sempre. População omissa mas que não deixa de ter o rei no rabo, sim no rabo, pq o nariz empina tanto que se chover correm o risco de morrerem afigados, pseudo intelectualoides. 🤷‍♀️

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