Avançar para o conteúdo principal

Manoel de Sousa Pinto






O autor em epígrafe nasceu no Rio de Janeiro, porém, muito jovem, com apenas três anos de idade, mudou-se para Coimbra, na companhia de seus pais. Na Universidade local, formou-se em Letras e Direito. Durante a vida foi amigo íntimo de José Malhôa, de Rafael Bordalo Pinheiro, e de outros nomes sonantes da cultura de Portugal e do Brasil.

Em 1923 foi nomeado professor ordinário de Estudos Brasileiros na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Escritor, jornalista, fundador, diretor e colaborador de diversos periódicos, entre eles: A Luta, A Capital, A Máscara, Arte & Vida, Atlântida, Feira da Ladra, Diário de Notícias, O Estado de São Paulo, Correio da Manhã (Brasil), Ilustração Portuguesa, Serões, Etc.

Foi Sócio Benemérito da Academia de Amadores de Música, Cidadão Honorário da Cidade de Campinas (Brasil), Sócio Honorário da Sociedade Nacional de Belas Artes, Sócio Correspondente de 2ª Classe da Academia das Ciências de Lisboa (eleito em 23-07-1925 e a quem legou toda a sua rica biblioteca brasileira), Etc.
Por décadas foi um dedicado visitante das Caldas da Rainha, frequentando esta cidade em determinados momentos do ano, entre eles, o da abertura das Termas, a que acorria com denodado contentamento.



Lembro-me de ver no Museu José Malhôa (creio que por volta de 1980) o “Retrato da Mãe de Manoel de Sousa Pinto”, um desenho sobre papel, datado do início da década de vinte, do século XX, de autoria de António Carneiro (1872-1930). Acredito que o mesmo ainda pertence ao acervo daquela instituição.

Da sua bibliografia ativa recordo: A Única Verdade; Evanidade; As Mãos da Vida; Para Onde Vais, Maria?; Danças e Bailados; O Testamento Poético de Bilac; O Gomil dos Noivados; Terra Moça: Impressões Brasileiras; Portugal-Brasil: Orações de Fé; Os Três Bordalos;  O Encanto Feminino; Magas e Histriões; Língua Minha Gentil; Dom João de Castro: 1500-1548; Raphael Bordallo Pinheiro - O Caricaturista; À Hora do Correio; O Indianismo na Poesia Brasileira; Três Figuras Caldenses; Últimos Anos de Malhôa; Um Inédito de Tomás António Gonzaga; O Jardim das Mestras; Pero Vaz de Caminha e a Carta do “Achamento” do Brasil; O Monumento a Eça de Queiroz; Feminário; Castelo do Amor; Portugal e as Portuguesas em Tirso de Molina; Saudação a Rosário Pino; Sete Danças de “La Bilbaínita”; Bailados Russos; Constantino Fernandes; Malhôa: O Pintor e a sua Obra; etc.

Infelizmente é um autor esquecido, como o são tantos outros nomes de notória qualidade. Sinal dos tempos? Não creio. Parece-me, isso sim, que é derivado do excesso de maus autores nos escaparates das livrarias, bem como das publicações acéfalas de muitos editores, que prezam mais a fama do escrevinhador do que a sua qualidade. Tempos de ganância, que levam inúmeros grandes nomes da literatura para o forame do desprezo.



Manoel de Sousa Pinto (1880-1934) foi um grande leitor, um enorme estudioso de diversos temas relacionados com Portugal e o Brasil, e um excelente escritor. Deixou-nos, entre os seus inúmeros títulos, alguns que mereciam ser conhecidos atualmente. É um autor com voz própria. O que é importante para a personalidade da Língua Portuguesa.

Caldas da Rainha deve-lhe algumas das mais interessantes páginas sobre a sua história, seus feitos e seus heróis. Neste ano, em que se completam 85 anos do seu falecimento, o que fará este concelho para o homenagear?


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um jardim para Carolina

Revolucionária e doce. O que mais posso dizer de ti, minha querida Carolina? Creio que poucos extravasaram tão bem, tão literariamente, tão poeticamente, as suas apoquentações políticas. Vivias num estado febricitante de transbordamento emocional, que o digam os teus textos – aflitos – sobre as questões sociais ou, no mais puro dos devaneios sentimentais, as tuas observações sobre a música que te apaixonava. O teu perene estado de busca pelo – quase – inalcançável, fazia-nos compreender como pode ser importante a fortaleza de uma alma que não se verga a modismos ou a chamamentos fúteis vindos de seres pequenos. E por falar em alma, a tua era maior do que o teu corpo, por isso vivias a plenitude da insatisfação contínua. Esse espírito, um bom daemon , um excelente génio, que para os antigos gregos nada mais era do que a Eudaimonia , que tanto os carregava de felicidade, permitindo-lhes viver em harmonia com a natureza. Lembro-me de uma conversa ligeira, onde alinhava

Obrigado!

  Depois de, aproximadamente, seis anos de colaboração com o Jornal das Caldas, chegou o momento de uma mudança. Um autor que não se movimenta acaba por cair em lugares-comuns. O que não é bom para a saúde literária da própria criação. Repentinamente, após um telefonema recebido, vi-me impelido a aceitar um dos convites que tenho arrecadado ao longo do meu percurso. Em busca do melhor, o ser humano não pode, nem deve, estagnar. Avante, pois para a frente é o caminho, como se costuma dizer, já de modo tão gasto. Sim, estou de saída. Deixo para trás uma equipa de bons profissionais. Agradeço, a cada um, pelos anos de convívio e camaradagem. Os meus leitores não deverão sentir falta. Mas se por acaso isso vier a acontecer, brevemente, através das minhas redes sociais, saberão em que folha jornalística estarei. Por enquanto reservo-me à discrição, pois há detalhes que ainda estão a ser ultimados. A responsabilidade de quem escreve num jornal é enorme, especialmente quando se pr

O Declínio das Fábulas - I

  Em poucos dias, o primeiro volume do meu novo livro “O Declínio das Fábulas” chegará a todas as livrarias portuguesas. Esse tomo reúne uma série de temas que reverberam o meu pensamento nas áreas da cultura, da arquitetura, da mobilidade, etc. para uma cidade como Caldas da Rainha. O prefácio é de autoria da jornalista Joana Cavaco que, com uma sensibilidade impressionante, timbra, assim, o que tem constituído o trabalho deste que vos escreve. Nele, há trechos que me comoveram francamente. Outros são mais técnicos, contudo exteriorizam um imenso conhecimento daquilo que venho produzindo, por exemplo: “É essa mesma cidade ideal a que, pelo seu prolífico trabalho, tem procurado erguer, nos vários locais por onde tem passado, seja a nível cultural ou político. Autor de extensa obra, que inclui mais de sessenta livros (a maior parte por publicar) e um sem fim de artigos publicados em jornais portugueses e brasileiros, revistas de institutos científicos e centros de estudos, entre o