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Até os Muros se Tornarem Livres







Recentemente ocorreram as eleições concelhias do Partido Socialista. Fui integrante da Lista B, liderada pela jurista (e ex-advogada) Isabel Alves Pinto.
Antes da campanha ter início, em momento de alto debate político com a candidata, veio-me à memória a extraordinária história do Pequeno Príncipe, originando em mim, de imediato, a frase que, com o assentimento da equipa, seria o ribombar de toda a lide que nos aguardava: “Até os Muros se Tornarem Livres”.
Os elementos da Lista adversária, como não prestaram atenção naquilo que estava intrínseco à mensagem (provavelmente por nunca terem lido “O Pequeno Príncipe”), ofenderam-se barbaramente, anunciando, de porta em porta (para a militância), que a nossa Lista B queria DESTRUIR o Partido Socialista.
Para esses camaradas, tal como o afirmaram, “Até os Muros se Tornarem Livres” significava destruir. Conclusão simplista e longínqua da verdade! É a falta de cultura que nos leva a precipitar para este tipo de ilações.
Como nos mostra a belíssima história acima citada, a questão primordial do enredo é a importância da construção de pontes entre as partes, o que não ocorre, erguendo-se muros em seu lugar. Ora, exatamente o que o PS/Caldas vem fazendo desde 2014. Erguendo muros internos (refletindo-se externamente).
Tanto os muros quanto as pontes servem, simplesmente, para designar atitudes no contexto da interação social. Os muros separam (no caso político, afastam o grosso da militância do trabalho partidário), as pontes conectam, integram, aproximam.
Muitos dos militantes, que votaram na Lista oposta à minha, deixaram-se enredar pela lengalenga inventada pelos integrantes desse grupo, o que revela três coisas: Falta de infância, falta de capacidade reflexiva e falta de consciência política. Os dois últimos itens, não são fáceis de construir, exigem estudo de qualidade e predisposição.
Não é Jurgen Habermas (1929-) quem quer, só quem pode. De cada vez que tentamos construir a Democracia, tendo como líderes um grupo de pessoas culturalmente mal preparadas, naturalmente, não há Democracia.
Embora seja contranatura, os partidos estão repletos de más pessoas, que chamam os “colegas” de ratos, porém, esses pseudopolíticos nunca compreenderam a essência do pensamento que levou Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859) a fabular acerca dos ratos.
Por portas às avessas foram-se construindo caminhos desconexos, alimentando a militância com notícias falsas e má disposição. Como se compreende, quando estamos mal informados, facilmente faremos mau juízo do novo, e isso levar-nos-á, obviamente, a tomar decisões impensadas e muitas vezes desacertadas. É nisto que se funda o populismo. Quanto menos cultura e menos conhecimentos o individuo possuir, maiores são as possibilidades de que venha a dar atenção às notícias falsas, e aos bobos da corte.
O militante seguidista vota por orientação, nunca por preparo e estudo. Se, esse votante, estivesse realmente interessado no seu partido político, prestaria acentuada atenção nos programas eleitorais de cada candidatura, e, naturalmente, teria discernimento para votar. O seguidista vota sem ideologia, e carregado de populismo rasteiro. O que é terrível para a Democracia. A irrelevância do que lhes é apresentado, pelas mãos dos pseudopolíticos, instintivamente, afeta o seu estado emocional, influindo na sua decisão, no ato de votar.
“Até os Muros se Tornarem Livres” deve ser uma luta de todos, para que se alterem os paradigmas partidários. Hoje, e sempre, haverá luta política. Abaixo o silêncio do pensamento!




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