Eis um ser curioso: O velígero
político! Um indivíduo que não tem por hábito pensar ou refletir acerca de
assuntos importantes, porque não consegue chegar a nenhuma conclusão ou porque
acredita piamente no seu líder (este é, geralmente, um indivíduo sem
escrúpulos, ganancioso e corrupto, que sabe muito bem o que deseja: Poder e
dinheiro).
O Ovis Aries é obediente ao
extremo, sendo, portanto, de desmedida relevância económica para “o seu dono”.
Vulgarmente não dá muita despesa, pois alimenta-se de sobras, embora acredite
que o que recebe no repasto é caviar, quando, efetivamente é apenas palha.
Criado em cativeiro (dentro da
sede do partido) dá menos trabalho ainda. Sem notar, devido ao alto volume de
ar entre as orelhas, acaba por não compreender o que significa ter uma
ideologia política, o que dá imenso jeito ao tal “líder”.
Quando se aproxima a época de
eleições internas (no seu partido) é natural, para o carneiro, ter a atenção
voltada para as palavras que saem da boca do “dono”, estas, normalmente,
resumem-se a “cuidado, devemos manter-nos juntos na defesa do nosso candidato,
pois “os nossos adversários” querem destruir o nosso partido”. E o chafardel
(conjunto de carneiros) acredita piamente nisso, nem se dispondo a ouvir os
tais adversários, e as suas propostas.
Quando a eleição é externa
(autárquicas ou legislativas) é ainda mais fácil manipular o carneiro, basta
colocar-lhe uma bandeira numa das mãos, um punhado de papeis na outra e
ensaboar-lhe os ouvidos com: “O teu contributo, neste momento, é fundamental,
sem o teu vigoroso trabalho jamais conseguiremos mudar o concelho, ou o país,
para melhor”. Poderia conotar esse tipo de coisa como lavagem cerebral, mas, como
entre aquelas orelhas passa um túnel de vento, efetivamente, essa conexão não
encaixa, fazendo-me crer que é necessário vasculhar a Língua Portuguesa para
encontrar o termo certo.
Como o meu querido leitor sabe,
o carneiro é um bicho marrento, o que o torna ainda mais manipulável, por
incrível que possa parecer. Comummente, o seu comportamento é tranquilo por
fora, porém, esgazeado por dentro, pois, bem no íntimo, acredita que é
importante ao partido, e à sociedade, o que o faz matutar/marrar acerca da
alimentação que lhe pode cair no estômago, porém, que ironia, resta-lhe quase
sempre a refeição mais barata, ou seja, o pasto.
Geralmente, um ano após as
eleições internas (cada mandato, geralmente, tem a duração de dois anos), o
carneiro começa a ruminar com o seu chafardel, indicando que, afinal, nenhuma
mudança positiva ocorreu no seio do partido, levando-o ao grande pensamento,
àquele que lhe corrói as entranhas: “Será que votei no candidato certo para a
Concelhia?”. Ruminação que, em mais algum tempo será esquecida, pois, nova
eleição surge e o seu túnel de vento o obrigará a não compreender que voltará a
ser manipulado.
Já no que respeita, por
exemplo, às Autárquicas, o carneiro pode receber - como pagamento pelo facto de
ter carregado a bandeira e ter distribuído alguns papelotes - um lugarzinho na
lista para a Assembleia Municipal. Posto que muito estima, pois, é dali que
aufere alguns trocados, bem como certo respeito pela comunidade. Embora não
saiba muito bem qual deve ser o seu contributo num órgão como aquele, o que o
faz perguntar insistentemente à sua base política: “E, esta proposta, devo
votar a favor, contra ou abster-me?”.
Frequentemente, o “líder”
utiliza a manipulação psicológica como modo de angariar carregadores de
bandeiras e, em sequência, eleitores dentro do partido, ou seja, mão-de-obra
barata para conseguir alcançar os seus intentos.
Como resultado, o carneiro
passa a ser uma instituição importante dentro da máquina partidária, sendo,
também, vital para a expansão da ignorância, pois, quantos mais obtusos
existirem dentro de um partido, mais chance possui o líder medíocre de atingir
os seus objetivos.
E, o comum do eleitor, aquele
que não participa de um partido político, mas, é patriota, e vota em todas as
eleições nacionais, com um arraigado amor pela pátria em que nasceu, ou vive,
nem imagina que possa existir esse organismo tão importante na política: O
carneiro!
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