Neste momento tão delicado que
vivemos é necessário manter o bom humor e a mente ativa. E como o podemos fazer?
Tanto em Caldas da Rainha como
em Lisboa (as cidades que tenho mais à mão) existem lugares interessantes para
contrariar um pouco o modo de vida sedentário a que a pandemia nos obrigou e,
após as imposições profissionais, respeitosamente executadas em casa, para
proteger a Humanidade, não há nada melhor do que dedicar duas horas diárias a
uma extensa caminhada (alguns preferem correr, mas o clima deste país, húmido
em excesso, fragiliza a ossatura, logo, não devemos abusar dos impactos).
Aproveitando o que ainda sobra
da minha velocidade aplicada ao slalom,
e esgueirando-me em contornos mozartianos (um acompanhamento musical com esse
peso, nessas horas, eleva o espírito), consigo oxigenar a musculatura e o
cérebro, de tal modo profícuo que, sem dúvida, estou – quase - bem preparado
para reiniciar a salutar, e diária, caminhada, que por tantas vezes fiz no
calçadão de Copacabana, a eterna princesinha do mar.
Existe um horário apropriado
para caminhar, embora não seja nada interessante criar sistemas, vícios, para o
nosso organismo, como o famoso: “Tenho de almoçar às 13 horas”. E esse tipo de
exercício, para ser bem feito, deve ser partilhado com o nosso melhor amigo (nós
próprios), mas também podemos ter connosco aquelas pessoas por quem nutrimos um
amor exponencial, ou uma amizade sincera. No meu caso, se desejasse caminhar
diariamente com alguma dessas benquerenças, estaria acompanhado por dezenas de
pessoas, pois felizmente tenho amigos em Lisboa, Porto, Caldas da Rainha, Vila
Real, Alcobaça, Luanda, Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, Londres, etc..
O que neste momento talvez não fosse o mais indicado pois estaria a
desrespeitar o confinamento.
Mesmo assim, não ando só. Tenho
a minha alma sempre comigo, além de uma acompanhante inteligente (para
continuar, humildemente, a aprender mais um pouco sobre a vida), um bom livro,
uma seleção estruturada de grandes músicos, e uma certa gordura localizada que
teimosamente insiste em seguir-me para todos os lados.
Conversando, em São Paulo, em
priscas eras, com o grande Nuno Cobra, aprendi que a caminhada diária traz onze
benefícios para o nosso organismo: Melhora a circulação, deixa os pulmões mais
eficientes, aumenta a sensação de bem-estar, combate a osteoporose, deixa o
cérebro mais saudável, diminui a sonolência, emagrece, controla a vontade de
comer, protege contra derrames e infartos, produz insulina em maior quantidade,
e afasta a depressão, porém, se associarmos a esse exercício (se estivermos
acompanhados), uma conversa saudável, cujo tema esteja centralizado na arte,
nas suas mais diversas variantes, com certeza teremos um momento de altíssimo
aproveitamento.
Existe ainda um fator
importante que deve ser levado em conta: Ouvir a natureza. Caminhar por matas,
parques ou florestas dá-nos a possibilidade de absorver os sons que estas
produzem, um exercício perfeito para a alma.
É curioso perceber que a
fragilidade das pessoas, de um modo geral, está na má relação que possuem com a
sua própria alma, o que as leva a enveredar por caminhos de avareza, egoísmo,
maledicência, cobiça e inveja. Muitos desses seres, infelizmente, acabam na
política, a enxamear os partidos políticos (da Esquerda à Direita) com as suas
ideias pequenas, e a latente ganância por acumular poder e dinheiro, passando por
cima de ideais democráticos; Outros atiram-se às redes sociais e destilam todo
o veneno que anos de clausura mental acumularam. Que coisa feia!
Desconfinar a mente é fundamental.
Alegria gera alegria. Deixar as mesquinhezes da vida a uma distância que não
nos turve a capacidade de raciocinar é essencial. A vida de todos os dias é uma
emoção - afinal somos o espermatozoide vencedor, numa corrida com 300 milhões
de concorrentes -, e merece ser perpetuada com boa disposição.
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