Avançar para o conteúdo principal

A dinastia da mediocridade

 


A atual postura de alguns políticos revela-nos algo muito elementar: Que a maioria são “mimados meninos ocidentais, que têm tudo e reclamam sempre”.

Durante estes três anos e oito meses de mandato, como deputado na União de Freguesias de Caldas da Rainha – N. S. do Pópulo, Coto e São Gregório, depois de mais de sessenta manifestações em sessões da Assembleia de Freguesia (divididas por: Propostas, Reclamações, Comunicados, Intervenções, Etc.) e de percorrer sistematicamente toda a freguesia (uma área com, aproximadamente, 32 Km2, e com cerca de 19 mil habitantes), sou confrontado com uma frase curiosa: “Não gosto do modo como fazes política”.

Deve ser porque sou interventivo, pugno pela Democracia, não fico no sofá a mandar palavreado oco para o ar, e defendo os direitos (cobrando deveres) dos fregueses (e não só dos que me elegeram).

A política que se faz em Portugal, neste século XXI, é miserável, pois valoriza-se mais a simpatia do político do que o trabalho por ele efetuado.

A demagogia pulula diariamente, em todos os concelhos. A desonestidade política chega a patamares inacreditáveis, onde vence quem engendrar as maiores falsidades, quem mais investir na distorção das ideias, quem alardear gongoricamente diferentes promessas, mesmo que seja uma estupidez como o “durante o meu mandato jamais irei derrubar uma árvore”.

Neste último quesito, porém, pode ocorrer que, durante o tal mandato, “por uma terrível necessidade de planeamento urbanístico”, o mesmo poderá mandar abaixo algumas dúzias de espécimes, só porque sim…

Se a maioria dos militantes partidários - sem conhecer a freguesia e o concelho onde reside - deixa-se levar pelos “falinhas mansas”, os políticos matreiros, as raposas, que possuem a perfídia, a mentira, e o engodo como isca, imaginem o que acontece com o modesto eleitor… Que não faz a mínima ideia de como se deve gerir um organismo público, e que não sabe a diferença entre as competências de uma Junta e de uma Câmara Municipal.

Em todos os partidos políticos há o deputado, ou o vereador, que nunca se deslocou a uma freguesia, desconhecendo completamente quais os problemas da mesma, e como pode ajudar a resolvê-los. Além disso, jamais (em quatro anos de Junta, de Assembleia, ou de Câmara) apresentou uma simples proposta, ou alguma ideia sobre o mais banal dos assuntos.

Mas vão para as redes sociais criar movimento, alardear uma preocupação fabulosa com os seus fregueses, e propagar “a urgente salvação dos gatinhos de rua”. Mas se pedimos uma posição definida acerca da extinção das touradas, dão de ombros, pois é um assunto polémico, e temas desse porte não convém discutir, afinal o fofo é parecer simpático e bonito nessas redes, e nas reuniões dos órgãos autárquicos.

Hoje em dia, a Internet é utilizada para apregoar um discurso político que não se coaduna com a verdade, pois, a maioria dos eleitos, por nunca terem andado no terreno, desconhecem, por exemplo, qual o motivo pelo qual a água potável não chega com qualidade a uma freguesia. A articulação é toda feita à base do parecer. O mau político corrompe os seus pares, com conveniências que se perfilam às dele, e conspurca o debate leal, claro e honesto.

Depois de uma eleição, com uma tremenda derrota assegurada, esse mau político culpa o adversário pelo seu desaire, mas, na realidade, foi ele que o iniciou, quando dividiu o partido em fações e quando decidiu não ir ao encontro dos fregueses, durante os quatro anos de mandato que teve, anteriormente, em suas mãos.

O verdadeiro diálogo democrático, e a inquietação com o bem-estar da população, é de somenos importância para o político chico-esperto. Reconhecê-lo é lição de casa para todos os eleitores. Boa sorte. Ou será: Boa praia e bom futebol?

Comentários

Armando Taborda disse…
Rui Calisto, tu és ator, encenador, professor de arte dramática, escritor e jornalista. Não te chega? És um humanista, dos bons, que se misturam com a humildade para recriar a humanidade. Claro que os eleitos da boa praia, boa mesa, bons petiscos, e política de coçar a barriga te vão segregar. Não ligues, eles são profissionais da politiquice, não sabem fazer mais nada, e tu tens as muitas competências que eles invejam.

Mensagens populares deste blogue

A Constituição da República Portuguesa

  O Chega e a Iniciativa Liberal querem alterar a Constituição Portuguesa. A Constituição é o documento basilar de uma nação, designando os princípios da estrutura política, dos direitos do cidadão e dos limites dos poderes do Estado. Reformá-la sem um critério equilibrado, amplamente democrático e com consciência por parte de TODAS as forças políticas, pode ter consequências expressivas nos mais variados setores da sociedade, implicando com a organização dos órgãos de soberania (Governo, Presidência e Assembleia da República), prejudicando o relacionamento entre essas entidades e as suas jurisdições; pode lesar, igualmente, os Direitos dos cidadãos, tais como, a liberdade de expressão, o direito à vida, à propriedade, à saúde, à educação etc.; pode alterar o Regime Eleitoral, apartando a população do poder de voto nas eleições Legislativas, Autárquicas e Presidenciais; pode redefinir a disposição e o exercício do poder judicial, levando a um impacto na autonomia, e administração...

Praça da Fruta

  Este símbolo caldense, identificado em todo o país, esteve irreconhecível por muitas semanas devido, como se sabe, à pandemia que assola o nosso planeta. Neste momento, felizmente, os vendedores, que são o rosto daquela exuberância, ali estão, novamente, a expor e a vender os seus produtos. Passada a força da borrasca, venho colocar-me em sentido, para reiniciar uma discussão, por mim encetada no dia 1 de março de 2018, aquando da apresentação da minha Proposta “ Instalação de um Céu de vidro na Praça da República”, na reunião da Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Caldas da Rainha – N. S. do Pópulo, Coto e São Gregório. Ora bem. Sabendo que é o mercado diário, no antigo Rossio, atual Praça da República (a badalada Praça da Fruta) que mantém viva aquela identidade, podendo, assim, trazer um bom volume de turistas a esta região, insisto, novamente, com aquele tipo de instauração, dizendo: Esse histórico local possui um importante tabuleiro em pedra e uma crónic...

José Rui Faria de Abreu

  Existem amigos que, quando partem para os confins do Desconhecido, nos deixam uma lacuna na alma, difícil de preencher. Foi o caso do Faria de Abreu. O primeiro contacto que tive com ele foi em Coimbra, no ano de 2001, quando fui obrigado a levar o meu pai, em consulta oftalmológica, de urgência. Após aquele dia, travamos uma salutar amizade, com vários telefonemas em diversos períodos nos anos que se seguiram, e até inúmeras visitas aquando das minhas várias passagens pela Terra dos Estudantes. Os colegas diziam que ele era o melhor oftalmologista de Portugal, a Universidade de Coimbra tecia-lhe elogios e louvores, os pacientes – o meu pai incluído – diziam que ele era um médico respeitador e dedicado. Eu digo, simplesmente, que ele era uma figura humana sensível, logo, alguém que compreendia o valor da amizade. José Rui Faria de Abreu faleceu na manhã do dia 27 de novembro de 2012 no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra , aos 67 anos de idade,...