Avançar para o conteúdo principal

Agricultura Sintrópica

 

 

No Brasil e na Suíça há um procedimento agrícola muito interessante do ponto de vista orgânico: O cultivo que propõe a conservação do território de mata natural em determinada área, associando-o à plantação de diversas culturas (verduras, legumes, raízes e frutas).

Essa boa prática facilita a diminuição radical da utilização de produtos químicos, pois, permite a preservação dos atributos genuínos da região - o que será, também, uma mais-valia para o ambiente – podendo chegar rapidamente à não-necessidade de aplicação de aditivos nocivos à saúde dos seres humanos (e dos animais em geral).

A agricultura sintrópica (ou agrofloresta de sucessão) carece apenas da própria natureza para vingar, tendo como única preocupação a da necessidade, pela parte do agricultor, de estudar muito bem as características do solo a ser utilizado, para que se possa perceber quais os alimentos que se devem ali plantar. Com as escolhas certas, naturalmente, o próprio ecossistema oferecerá a luz, a humidade e todos os nutrientes necessários para a plena evolução do que foi plantado.

Essa prática agrícola inovadora, além de enriquecer as plantações, trará um enorme equilíbrio ao alimento e à região onde este foi produzido. Podendo, inclusive, ser muito mais rentável para o agricultor do ponto de vista financeiro.

Não confundir a agricultura que proponho com a agricultura orgânica. Há diferenças. A sintrópica possui como foco principal a não-intervenção abusiva do solo; A não-utilização de produtos químicos; A mínima intervenção direta do agricultor, pois o seu trabalho mais vincado será o de repor a camada superficial do plantio com folhas e galhos (alimento essencial para os bicharocos que tanto incomodam a agricultura comum e arcaica praticada em Portugal), cuidar da fase da poda e do reaproveitamento dos seus resquícios, utilizando-os na própria plantação; E a aplicação de adubos orgânicos somente será permitida se o terreno escolhido necessitar de nutrientes e da proliferação de micro-organismos (neste caso específico, ao terceiro cultivo o solo já deverá estar pronto, preparado para “seguir sozinho o seu caminho”, podendo, assim, deixar de receber os tais adubos).

A agricultura sintrópica não sendo alvo de pragas ou doenças é importante para todo o ecossistema. Além disso, mantém todas as composturas da mata, o que permite uma excelsa familiaridade entre a fauna e a flora circundantes, sem que exista o constrangimento de algum tipo de desflorestação ou de excreção de castas nativas. O equilíbrio que a natureza trará ao cultivo, quiçá a si própria, permitirá ao solo uma riqueza extraordinária, que se refletirá na qualidade dos alimentos dali retirados.

Em Portugal, infelizmente, a larga maioria dos agricultores foi influenciada pela ganância das empresas que desejam “ganhar rios de dinheiro” com a venda de produtos químicos e adubos inorgânicos, como resultado o país possui uma parca variedade de verduras, legumes, raízes e frutas, e o que possui, na sua gritante maioria, está repleta de pesticidas, etc.

Um povo pouco saudável sucumbe facilmente, independente da doença que o atinja. O seu verdadeiro medicamento deve ser o alimento que ingere, e se este não for minimamente saudável, ocorre o óbvio: Uma vida de sofrimentos físicos e mentais.

Existe um pequeno exemplo de agricultura sintrópica implementada no alto Alentejo pelas mãos do agricultor e pesquisador suíço Ernest Gotsch, formado em ciência genética, um ponto de partida para algo efetivamente grandioso. Será que a região Oeste está preparada para a inovação, o renascer da agricultura, e a busca de uma vida mais saudável e feliz para a sua população?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Constituição da República Portuguesa

  O Chega e a Iniciativa Liberal querem alterar a Constituição Portuguesa. A Constituição é o documento basilar de uma nação, designando os princípios da estrutura política, dos direitos do cidadão e dos limites dos poderes do Estado. Reformá-la sem um critério equilibrado, amplamente democrático e com consciência por parte de TODAS as forças políticas, pode ter consequências expressivas nos mais variados setores da sociedade, implicando com a organização dos órgãos de soberania (Governo, Presidência e Assembleia da República), prejudicando o relacionamento entre essas entidades e as suas jurisdições; pode lesar, igualmente, os Direitos dos cidadãos, tais como, a liberdade de expressão, o direito à vida, à propriedade, à saúde, à educação etc.; pode alterar o Regime Eleitoral, apartando a população do poder de voto nas eleições Legislativas, Autárquicas e Presidenciais; pode redefinir a disposição e o exercício do poder judicial, levando a um impacto na autonomia, e administração...

Praça da Fruta

  Este símbolo caldense, identificado em todo o país, esteve irreconhecível por muitas semanas devido, como se sabe, à pandemia que assola o nosso planeta. Neste momento, felizmente, os vendedores, que são o rosto daquela exuberância, ali estão, novamente, a expor e a vender os seus produtos. Passada a força da borrasca, venho colocar-me em sentido, para reiniciar uma discussão, por mim encetada no dia 1 de março de 2018, aquando da apresentação da minha Proposta “ Instalação de um Céu de vidro na Praça da República”, na reunião da Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Caldas da Rainha – N. S. do Pópulo, Coto e São Gregório. Ora bem. Sabendo que é o mercado diário, no antigo Rossio, atual Praça da República (a badalada Praça da Fruta) que mantém viva aquela identidade, podendo, assim, trazer um bom volume de turistas a esta região, insisto, novamente, com aquele tipo de instauração, dizendo: Esse histórico local possui um importante tabuleiro em pedra e uma crónic...

José Rui Faria de Abreu

  Existem amigos que, quando partem para os confins do Desconhecido, nos deixam uma lacuna na alma, difícil de preencher. Foi o caso do Faria de Abreu. O primeiro contacto que tive com ele foi em Coimbra, no ano de 2001, quando fui obrigado a levar o meu pai, em consulta oftalmológica, de urgência. Após aquele dia, travamos uma salutar amizade, com vários telefonemas em diversos períodos nos anos que se seguiram, e até inúmeras visitas aquando das minhas várias passagens pela Terra dos Estudantes. Os colegas diziam que ele era o melhor oftalmologista de Portugal, a Universidade de Coimbra tecia-lhe elogios e louvores, os pacientes – o meu pai incluído – diziam que ele era um médico respeitador e dedicado. Eu digo, simplesmente, que ele era uma figura humana sensível, logo, alguém que compreendia o valor da amizade. José Rui Faria de Abreu faleceu na manhã do dia 27 de novembro de 2012 no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra , aos 67 anos de idade,...