Avançar para o conteúdo principal

Árvores: A necessidade da Educação Ambiental

 


As redes sociais mostram-me que, de facto, muitos são os portugueses preocupados com a arborização dos seus concelhos, porém, esse monumental esforço - em reclamar acerca do corte sem nexo que ocorre de norte a sul, eliminando espécimes, na maioria das vezes raras – passa-se apenas no descanso do sofá, pois, quando deveriam fazê-lo numa Assembleia de Freguesia, ou em outro organismo “que os pudesse ouvir realmente”, já não se dispõem a concretizá-lo, neste caso “dá muito trabalho”.

As árvores são essenciais para a manutenção da vida. Uma área bem arborizada torna-se equilibrada, no que respeita a oxigénio e gás carbónico, o mesmo acontece quando um concelho está relativamente bem sustentado, possuindo uma diversidade de castas espalhadas pelo seu todo.

Plantar é fundamental, enquanto cortar ou abater indiscriminadamente é destrutivo para as cidades, especialmente para os seus centros nevrálgicos, devido à aglomeração de pessoas e meios de transporte.

Não existe, em território nacional, uma perfeita programação de poda. As Câmaras Municipais e/ou Juntas de Freguesia limitam-se a contratar mão-de-obra barata para o fazer, e, como resultado da suposta poupança, temos o assassinato de centenas de espécies.

O ecossistema sofre com a pouca eficácia dessas decisões de corte ou abate. A filtragem e a limpeza do ar atmosférico ficam, também, muito prejudicadas por essa falta de proficiência autárquica.

É de notar que a inépcia é transversal a todos os partidos políticos. Percebe-se muitas vezes - pois chega a ser gritante o que se vê - que quem manda não está minimamente interessado na saúde dos seus munícipes e fregueses, e quem executa a tarefa, como não tem qualquer conhecimento sobre o assunto, limita-se, apenas, a despachar o que lhe foi ordenado.

É necessário desenvolver uma grande campanha de conscientização, para as populações e para os políticos. Devemos ir mais longe: Votar apenas em quem possui um histórico voltado para o Ambiente e a Ecologia, parando de eleger paraquedistas que querem apenas locupletar-se com o bem público.

Naturalmente - quando começarmos a falar com abrangência acerca da necessidade da preservação de áreas verdes, do plantio de arvoredo em avenidas, ruas e praças – vão aparecer, nos programas partidários para as próximas Autárquicas, os candidatos “amantes da natureza, e que querem plantar uma árvore em cada esquina”, neste caso, temos de ficar com “um olho no burro e outro no homem branco”, para conseguirmos discernir corretamente, percebendo onde estão os faraós do engodo.

É inadmissível que se derrubem árvores porque “atrapalham o fluxo de pessoas nos passeios, porque as suas folhas caem, ou porque o evento que está a ser montado precisa de mais espaço, para as barracas de cerveja ou para as baias dos cavalos”. Somente os espíritos primários pensam assim.

É necessário criar-se uma política vocacionada para a manutenção do verde, definindo com antecedência um programa de plantio e de poda, para verdificar os concelhos, de modo a torná-los um corredor de saúde, como se fosse uma ciclovia a ligar os pontos mais importantes das urbes (outra indispensabilidade que deveria ter sido executada a partir de meados do século XX, em todas as cidades portuguesas).

Planear a arborização concelhia, antevendo uma delimitação de prioridades, desenvolvidas para a melhoria do crescimento urbano sustentável, sobretudo nos quesitos: Conforto térmico, diminuição da poluição, melhoria da identidade visual dos lugares, abrigo de diversas famílias de animais, absorção da água das chuvas, etc., será pensar nas pessoas (o principal motivo para a existência dos mais diversos instrumentos e agentes políticos).

Educação Ambiental: Para que possamos ter uma sociedade cada vez mais equilibrada.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um jardim para Carolina

Revolucionária e doce. O que mais posso dizer de ti, minha querida Carolina? Creio que poucos extravasaram tão bem, tão literariamente, tão poeticamente, as suas apoquentações políticas. Vivias num estado febricitante de transbordamento emocional, que o digam os teus textos – aflitos – sobre as questões sociais ou, no mais puro dos devaneios sentimentais, as tuas observações sobre a música que te apaixonava. O teu perene estado de busca pelo – quase – inalcançável, fazia-nos compreender como pode ser importante a fortaleza de uma alma que não se verga a modismos ou a chamamentos fúteis vindos de seres pequenos. E por falar em alma, a tua era maior do que o teu corpo, por isso vivias a plenitude da insatisfação contínua. Esse espírito, um bom daemon , um excelente génio, que para os antigos gregos nada mais era do que a Eudaimonia , que tanto os carregava de felicidade, permitindo-lhes viver em harmonia com a natureza. Lembro-me de uma conversa ligeira, onde alinhava

Obrigado!

  Depois de, aproximadamente, seis anos de colaboração com o Jornal das Caldas, chegou o momento de uma mudança. Um autor que não se movimenta acaba por cair em lugares-comuns. O que não é bom para a saúde literária da própria criação. Repentinamente, após um telefonema recebido, vi-me impelido a aceitar um dos convites que tenho arrecadado ao longo do meu percurso. Em busca do melhor, o ser humano não pode, nem deve, estagnar. Avante, pois para a frente é o caminho, como se costuma dizer, já de modo tão gasto. Sim, estou de saída. Deixo para trás uma equipa de bons profissionais. Agradeço, a cada um, pelos anos de convívio e camaradagem. Os meus leitores não deverão sentir falta. Mas se por acaso isso vier a acontecer, brevemente, através das minhas redes sociais, saberão em que folha jornalística estarei. Por enquanto reservo-me à discrição, pois há detalhes que ainda estão a ser ultimados. A responsabilidade de quem escreve num jornal é enorme, especialmente quando se pr

O Declínio das Fábulas - I

  Em poucos dias, o primeiro volume do meu novo livro “O Declínio das Fábulas” chegará a todas as livrarias portuguesas. Esse tomo reúne uma série de temas que reverberam o meu pensamento nas áreas da cultura, da arquitetura, da mobilidade, etc. para uma cidade como Caldas da Rainha. O prefácio é de autoria da jornalista Joana Cavaco que, com uma sensibilidade impressionante, timbra, assim, o que tem constituído o trabalho deste que vos escreve. Nele, há trechos que me comoveram francamente. Outros são mais técnicos, contudo exteriorizam um imenso conhecimento daquilo que venho produzindo, por exemplo: “É essa mesma cidade ideal a que, pelo seu prolífico trabalho, tem procurado erguer, nos vários locais por onde tem passado, seja a nível cultural ou político. Autor de extensa obra, que inclui mais de sessenta livros (a maior parte por publicar) e um sem fim de artigos publicados em jornais portugueses e brasileiros, revistas de institutos científicos e centros de estudos, entre o